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No mundo das lolis
Cyntia Kanashiro, a lolita mais poular
"É gothic & lolita, não tem tradução", enfatiza Ana Elisa Gasparotto, 15, com seu visual elaborado que lembra o de uma boneca de porcelana. O estilo gothic & lolita surgiu no Japão e reúne conceitos detalhados de conduta. Envolve etiqueta, elegância, inocência com um toque de mistério e se subdivide em vertentes, como sweet lolita e punk lolita. Em Tóquio está presente no famoso bairro de Harajuku e foi difundido no mundo todo por bandas de j-rock, o rock japonês.
No Brasil a história das gothic & lolitas começou há cerca de dois anos em eventos de anime (desenho animado japonês) e de mangás. Orkut, fotologs e listas de discussão são os pontos de encontro virtuais das adeptas do estilo que, em geral, usam apelidos característicos como Dark Chun Li e Saki Chan.
O mundo das "lolis", como se apelidam, tem referências tradicionais sob uma nova abordagem. A indumentária retoma a elegância dos estilos gótico, vitoriano e barroco. Saias rodadas, sempre abaixo do joelho, rendas, laços e babados são obrigatórios. As meninas tÍm que recorrer a brechós e a costureiras, porque ainda não há lojas especializadas no Brasil.
"Uma gothic & lolita tem que ter bons modos à mesa, não pode sentar-se de pernas abertas", conta a revisora Deborah Pinto, 23. Os valores, à primeira vista extremamente tradicionais, se associam ao culto da androginia. O estilo remete ao feminino, mas foi difundido por um homem, Mana, líder da banda Moi Dix Móis. Ele é o ícone deste estilo e dono da grife Moi-Míme-Moitié, especializada em roupas gothic & lolita no Japão.
Outros nomes do j-rock, como Gazette, An Café e a cantora Kana, povoam os i-Pods das lolis. E as brasileiras não têm problemas em cantar em japonês. O visual desses ídolos é o principal atrativo e fonte de inspiração para as seguidoras do estilo.
As gothic & lolitas freqüentam karaokês, fazem piqueniques ou promovem encontros para tomar chá. Elas estão espalhadas por todo o Brasil e a sua maior comunidade no Orkut tem mais de 5.000 adeptos, entre meninos e meninas. Em São Paulo, o bairro da Liberdade é o reduto natural das lolis.
A melhor forma para entender o universo das gothic & lolitas é ser uma delas. A estudante Ananda Sander Pinto, 19, resume: "É a volta a um mundo que nunca existiu".
(Laura Artigas)
Da esq. à dir., sentadas, Caroline, Débora, Sthephanie e Ana Elisa; em pé Ananda, Letícia, Cyntia e Hannah