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Celebridades relaxam em "Let Me In"

Em seu novo livro, o fotógrafo Mario Testino busca nas celebridades algo que "elas não dariam a ninguém mais"

O fotógrafo Mario Testino posa em frente às famosas imagens que fez da princesa Diana

Mario Testino não trabalha com sobrenomes. Gwyneth, Kate, Angelina, Brad, Guy, Stella, Nicole são habitués das lentes do fotógrafo peruano e, para além de sessões com hora e objetivos marcados, se deixam ser despreocupadamente registrados em encontros fortuitos, festas fechadas ou experimentações pessoais.

Desse material de bastidores, sonho de todo paparazzo, é feito "Let Me In" (Deixe-me Entrar), livro que Testino acaba de lançar pela editora Taschen.

Prefaciado por Nicole Kidman, "Let Me In" apresenta uma centena de fotografias, custa US$ 400 e tem tiragem limitada a mil unidades, numeradas e autografadas pelo autor. Nos EUA, o livro teve lançamento em Los Angeles capitaneado por Demi Moore –que aparece na capa do volume pintando os lábios do namorado, Ashton Kutcher– e Graydon Carter, editor da "Vanity Fair". Em Paris, o livro foi lançado numa recepção organizada por Donatella Versace e Carine Roitfeld, editora da "Vogue" francesa, duas amigas-celebridades do fotógrafo.

Leia a seguir a entrevista que Testino, 52, concedeu por e-mail à Folha, em que fala sobre sua carreira, a moda brasileira e seus novos projetos, entre os quais um livro sobre o Rio de Janeiro.

De que fotos você gosta mais em "Let Me In"?

As que me tocam mais são as fotos que mostram ou os momentos mais íntimos ou os instantes mais divertidos dos fotografados. Eu adoro, por exemplo, o momento de uma festa em que Gwyneth [Paltrow] está sendo fotografada, e Tom Ford conversa com Stella McCartney, ou a foto de Nicole Kidman, Adrian Brody, Kate Hudson e Stella, porque esses são instantes –aos quais nem todos têm acesso, nem todos podem ver– de uma festa em qualquer lugar do mundo. Outras imagens de que gosto são a de Angelina Jolie e Brad [Pitt] olhando-se nos olhos ou a de Gwyneth com sua filha Apple.

Que história relacionada a essas fotos lhe é particularmente marcante?

Foi quando vi Angelina e Brad juntos com as crianças pela primeira vez, porque todo mundo queria ver isso e não podia. Também quando Madonna e Guy [Ritchie] estavam em uma festa na minha casa com máscaras, foto que aparece no final do livro. Nesta festa, ver Kate [Moss] mascarada também foi inesquecível. Dei máscaras para todos à meia-noite, e então fotografei a festa inteira.

O que você capta de diferente em seus fotografados?

Tento obter algo que eles não dariam a ninguém mais, algo que guardaram para mim. O que noto muito em meu trabalho é que as pessoas parecem estar mais abertas, porque pensam que, independentemente de como eu vá usar as fotos, nunca farei com que elas saiam mal ou sob a luz errada.

Você fotografou Gisele Bündchen nua para a "Vanity Fair", imagem que está em "Let Me In". Como recorda essa sessão de fotos?

Amo trabalhar com Gisele, a origem dessa foto está no fato de que ela está fazendo um livro com objetivos beneficentes e com os principais profissionais que já a fotografaram. Fiz essa foto para ela, mas quando vimos que havia ficado tão boa decidi colocá-la em meu livro, e depois a "Vanity Fair" precisou de uma capa... Necessitavam algo que fosse muito forte, e eu pensei nessa imagem. Fiz a foto no final de uma sessão, no fundo de um carro em Los Angeles. Gisele é alguém com quem venho trabalhando desde que ela tinha 16 anos, então há muita confiança entre nós dois.

Você visitou o Brasil diversas vezes. Onde crê que está a força da moda brasileira?

O que mais me atrai no Brasil é o fato de que as pessoas estão vivas e aproveitam cada dia de suas vidas. Sente-se uma energia especial nesse país, algo que não experimentamos em muitos outros lugares. A moda brasileira tem trilhado um longo caminho desde que eu comecei a trabalhar com os brasileiros muitos anos atrás, com a Zoomp. Conseguiu sair do biquíni como base e começou a incorporar roupas. Acho os brasileiros realmente fortes também nos jeans.

Quando você fotografava para a Zoomp, também Carine Roitfeld estava começando. Como você avalia as mudanças pelas quais passou sua carreira nas últimas duas décadas?

É engraçado, porque todas as pessoas com quem trabalhei no começo de minha carreira tornaram-se diretoras de moda. No começo dos anos 80 eu trabalhava com Lucinda Chambers e Sara Jane Hoare. Lucinda se tornou a diretora de moda da "Vogue" britânica, e Sara Jane Hoare e Michael Roberts estão na "Vanity Fair". No meio da década de 80 comecei a trabalhar com Anna Wintour quando ela era diretora de criação da "Vogue" americana. Hoje ela é a editora da "Vogue". Depois trabalhei para Franca Sozzani na "Per Lui and Lei", revista que ela editava na época. Agora ela é a editora da "Vogue" italiana. E, finalmente, entre o final dos 80 e o começo dos anos 90, comecei a colaborar com Carine Roitfeld, que hoje é a editora da "Vogue" francesa. Minha conclusão é que tive muita sorte de fazer a escolha certa no início da minha carreira porque vejo que todas as garotas com quem trabalhei intensamente ascenderam e ocuparam os melhores lugares, e hoje posso trabalhar com elas de modo mais livre. Tenho uma comunicação muito boa com todas elas. Devo dizer que os últimos dez anos de minha carreira foram incríveis graças à Gucci, à Burberry, a Madonna, à princesa Diana e a todas as outras coisas que me aconteceram.

O que vem depois de "Let Me In"?

Há um livro que algum dia irei lançar, chamado "Mario de Janeiro Testino", sobre o Rio de Janeiro. Mas o próximo é um livro que editei em Lima, uma coleção de trabalhos de limenhos, fotógrafos e outros bons artistas. Haverá algumas fotos minhas também, para mostrar como é a cidade em que nasci. Estou trabalhando em algumas exposições em Berlim, Düsseldorf, China e sou curador de uma mostra que acontecerá em Nova York, na galeria Yvon Lambert, em julho. Por fim, trabalho em um evento em Cannes para a Amfar (Fundação Americana para Pesquisa da Aids), onde decoro o espaço com algumas de minhas imagens, e tenho uma festa em benefício dos portadores de HIV em Viena.

por Denise Mota
fotos Divulgação

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