São Paulo, terça-feira, 06 de março de 2001 |
|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
A MORTE DE COVAS Mulher, que esteve ao lado do governador até o final da vida, tinha 13 anos quando o viu pela 1ª vez, em jogo de basquete; ele, 16 anos Família acompanhou carreira de perto DO BANCO DE DADOS
Mário Covas Júnior nasceu em
uma família rica -seu pai era comerciante de café, em Santos- e
teve uma educação tradicional característica dos filhos da elite paulista. Estudou nos melhores colégios, praticou esportes e se casou
com a namorada que vinha do
mesmo estrato social que o seu.
Ele teve morte instantânea. Ela foi levada para a Santa Casa de Santos, mas morreu antes de receber os primeiros socorros. Desde então, a família não comemorou mais a passagem de ano. A perda foi, em parte, superada, num encontro com o médium Chico Xavier, no mesmo ano. Em evento no ginásio de esportes de Santos, a família acredita ter conseguido se comunicar com a filha, o que confortou Covas e Lila. A experiência, no entanto, não transformou o católico Mário Covas em espírita kardecista -seguidor de Allan Kardec, o codificador do espiritismo-, mas num "espiritualista cristão", como gostava de se definir em termos religiosos. Procurando tratar, a partir dessa experiência, o assunto com naturalidade, a família passou a crer numa existência após a vida, como os seguidores do espiritismo. Mais de meio século de convívio entre Covas e Lila não permitiu que o afeto entre os dois diminuísse, a ponto de manterem o hábito de dar as mãos, como faziam nos tempos de namoro. Quando a doença de Covas surgiu, Lila se manteve sempre a seu lado. Em 10 de janeiro deste ano, quando Covas, debilitado pelo câncer, discursou de modo desconexo, Lila chegou a censurá-lo. Seu cuidado a levou também a cultivar, numa horta no palácio de verão do governo do Estado, no Horto Florestal, legumes e vegetais para evitar que o marido ingerisse agrotóxicos. Além de Lila, Covas era muito apegado aos quatro netos e procurava passar seu tempo livre ao lado deles e da mulher, como a compensar o pouco tempo que dedicou aos filhos, envolvido com a carreira política que abraçou e os cargos que ocupou durante toda a vida pública. Certa vez, quando questionado se a vida de político valia a pena, Covas respondeu: "A pergunta não é exatamente se vale a pena. A pergunta é: "Você tem direito de sacrificar outras coisas?" Política exige demais e você não é uma pessoa normal no sentido dos costumes e horários. Se não tiver por parte da família uma compreensão muito grande, complica muito. Há políticos que se isolam de sua casa, de sua família. Eu nunca fiz isso. Desde que comecei, minha casa também foi o ambiente onde tudo acontece". Texto Anterior: Presidência foi o único sonho não alcançado Próximo Texto: Carreira Índice |
|