São Paulo, domingo, 23 de setembro de 2001


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Taleban isolado


Emirados Árabes, um dos três países que reconheciam o regime, rompem relações



EUA e Reino Unido enviam mais reforços, e Taleban diz que abateu avião não tripulado


France Presse
Afegãos são retidos na fronteira por guardas paquistaneses; o Paquistão e outros cinco vizinhos do Afeganistão fecharam oficialmente as fronteiras com o país, ameaçado de ataques dos Estados Unidos, agravando a já crônica crise alimentar


Os Emirados Árabes Unidos romperam relações ontem com o grupo extremista islâmico Taleban, que controla quase todo o Afeganistão. O país era um dos três a reconhecer o regime do Taleban, e a medida expõe o crescente isolamento do grupo acusado pelos EUA de abrigar e dar apoio ao líder terrorista saudita Osama bin Laden.
O saudita é apontado por Washington como o principal suspeito dos atentados contra Nova York e o Pentágono, no dia 11, que devem ter matado mais de 6.000 pessoas.
O Paquistão, outro país que reconhece o regime do Taleban e o único a ter uma embaixada do grupo, anunciou ontem que manterá as relações para que exista um canal de comunicações na crise. "Temos representantes do Taleban em Islamabad, é uma janela deles para o resto do mundo", disse Riaz Mohammad Khan, porta-voz paquistanês.
Os Emirados disseram que tomaram a decisão após não obter resposta a seus pedidos para que o Taleban entregasse Bin Laden, como querem os EUA. O terceiro país com relações com o Taleban é a Arábia Saudita.
O Taleban exige provas do envolvimento de Bin Laden para entregá-lo aos EUA. A Casa Branca diz que não negocia e que tem provas suficientes para ligá-lo aos atentados. Além de Bin Laden, exige também a entrega dos líderes de sua rede terrorista.
Na guerra retórica entre os EUA e o Taleban, o chanceler do grupo, Wakil Ahmed Mutawakil, reafirmou que, se o Afeganistão for atacado, "não teremos outra opção do que lançar uma guerra santa". Ele sugeriu que o saudita, com laços antigos e estreitos com o Taleban, segue no Afeganistão: "Não tenho nenhuma informação de sua partida". Uma rádio iraniana disse que ele estaria na Província de Oruzgan, situada no centro do Afeganistão.
Enquanto os EUA e o Reino Unido seguem reforçando suas tropas na região do golfo Pérsico e do oceano Índico, o Taleban disse que derrubou um avião espião não tripulado dos EUA ontem. Washington negou. A Turquia anunciou a abertura de seu espaço aéreo para os aviões dos EUA. A Arábia Saudita resiste a pedidos para fazer o mesmo.
O presidente dos EUA, George W. Bush, passa o final de semana em sua casa de campo em Camp David, de onde segue estudando suas opções militares com assessores. Segundo o "The New York Times", a primeira fase da operação militar para "destruir o terrorismo global", como prometeu Bush, será direcionada contra Bin Laden e sua rede, mas a escala e o momento da ação não estão definidos.
Ao iniciar ontem visita ao Cazaquistão, república de maioria muçulmana próxima ao Afeganistão, o papa João Paulo 2º disse que a crise deve ser resolvida "sem recorrer às armas, por meios pacíficos, negociações e diálogo".
Os EUA fixaram uma recompensa de US$ 25 milhões por informações que levem à captura dos autores dos ataques, disse a TV CNN.



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