Xico Sá indica livro de Nelson Rodrigues para Kaká obter 10% da canalhice necessária

Fanático ou torcedor dona de casa que só acompanha jogos da Copa? O que importa é que você opina, vibra, xinga e, lógico, sofre quando a seleção brasileira mais não joga do que joga.

Bruno Miranda/Folha Imagem

Escritor e jornalista Xico Sá durante visita à loja de camisas de futebol "Kuan Sport", na Galeria do Rock, centro de São Paulo

Na partida contra a Costa do Marfim no último domingo (20), chegamos a torcer para que o atacante Didier Drogba e seu time aplicassem uma lição nos "brasileños" para que tomassem jeito (e futebol) no gramado. Deu certo, só que rendeu polêmicas, como a expulsão do atacante Kaká e o comportamento do técnico Dunga pós-jogo.

A Livraria da Folha pediu ao jornalista, escritor e colunista da Folha de S.Paulo, Xico Sá, que indicasse livros conforme o bom ou mau desempenho de cada jogador da seleção brasileira em campo. Nem Dunga escapou do apito literário.

Especialista em torcedores e secadores, Xico recomendou obras e justificou suas indicações livreiras. Para o atacante Kaká, o colunista indicou "A Vida Como Ela É...", de Nelson Rodrigues, para adquirir pelo menos 10% da canalhice necessária para a existência. Elano deveria ler "Longe É um Lugar que Não Existe", de Richard Bach. "Sempre criticado como jogador mediano, o meio-campista mostra serviço e conquista o mundo", segundo o colunista.

Leia abaixo as indicações do jornalista para os jogadores da seleção.

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Eduardo Knapp/FOLHAPRESS

Júlio César, goleiro

Júlio César - Poderia ler qualquer obra do Albert Camus, que foi goleiro como ele e disse que tudo que aprendeu na vida devia às lições do futebol. Recomendo especialmente "O Estrangeiro".

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Frank Augstein/AP

Maicon, lateral

Maicon - O lateral tem Sisenando no seu batismo completo. Ao ler "200 Crônicas Escolhidas", de Rubem Braga, vai se divertir ao conhecer um personagem homônimo que jogava na retranca da vida e se dava muito mal com as mulheres.

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Ricardo Nogueira/Folhapress

Lúcio, zagueiro

Lúcio - "Macho Não Ganha Flor", de Dalton Trevisan, porque zagueiro tem que endurecer e jamais ceder a qualquer ensaio de ternura.

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Eduardo Knapp/Folhapress

Juan, zagueiro

Juan - "Leão-de-Chácara", de João Antônio. Vai fazê-lo relembrar a sua saga nos subúrbios cariocas e entender mais ainda que na vida é preciso dosar força bruta, estilo e malandragem.

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Ricardo Nogueira/Folhapress

Michel Bastos, lateral

Michel Bastos - Como transformar um garoto pobre do subúrbio num craque? É o que pergunta e responde Helio de La Peña no seu "Vai na Bola, Glanderson!". Diversão garantida para o lateral, que parece meio tenso. Só, relaxar um pouco no "quartel" do Dunga.

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Ricardo Nogueira/Folhapress

Gilberto Silva, meia

Gilberto Silva - "A Arte da Guerra", de Sun Tzu. Um volante de contenção precisa também saber o momento certo de sair para o ataque.

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Andre Penner/AP

Felipe Melo, meia

Felipe Melo - "Bullying: Mentes Perigosas na Escola", de Ana Beatriz Barbosa Silva. Boa chance para o jogador aprender a se controlar diante dos colegas no gramado.

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Ricardo Nogueira/Folhapress

Luis Fabiano, atacante

Luis Fabiano - O gol, já disse Romário, é como um orgasmo. Nada mais apropriado, então, do que a leitura de "Gozo Fabuloso", coletânea de textos de Paulo Leminski. Saiu na série "Risco: Ruído", editora DBA.

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Eduardo Knapp/Folhapress

Robinho, atacante

Robinho - "Balé Ralé", de Marcelino Freire, para resgatar de vez a ginga, o rebolado e o suíngue do moleque da Baixada Santista.

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Eduardo Knapp/Folhapress

Daniel Alves, lateral

Daniel Alves - "Essa Terra", grande livro de Antônio Torres, baiano do sertão como o jogador do Barcelona.

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Eduardo Knapp/Folhapress

Júlio Baptista, meia

Júlio Baptista - "O Negro no Futebol Brasileiro", clássico de Mario Filho.

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Eduardo Knapp/Folhapress

Dunga, técnico

Dunga - Na literatura nacional, "Sargento Getúlio", de João Ubaldo Ribeiro, é o que mais diz do técnico. Se tivesse um pouco de humor, representaria "Um Certo Capitão Rodrigo", do Érico Verissimo, que bradava, entre outros mantras: "Buenas e me espalho! Nos pequenos dou de prancha e nos grandes dou de talho!".