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07/09/2010 - 22h22

Marquês de Sade narra caso amoroso entre nobre e duas viúvas; leia trecho

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Escrito por marquês de Sade (1740-1814), "Os Crimes do Amor" (L&PM Editores, 2000) conta o envolvimento amoroso do duque de Ceilcour, "uma figura encantadora" que "possuía 800 libras de renda", com duas viúvas.

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Nessas novelas, a indecência do marquês vem do fundo do coração
Nessas novelas, a indecência do marquês vem do fundo do coração

Em novelas curtas como essa, o nobre escritor --cujo nome originou os termos sadismo e sádico-- pode surpreender pelo texto leve. Comparado à sua obra-prima, "Os 120 Dias de Sodoma", o título traz poucas perversões e atrocidades explícitas.

Neste livro, o autor combate o sentimento que mais execrava: o amor. Durante a narrativa, por "pintar os homens tais como são", seus personagens cometem deslizes e acabam se apaixonando.

Filósofo e ateu convicto, o marquês passou boa parte de sua vida em sanatórios ou prisões, foi processado por algumas prostitutas, perseguido por suas ideias libertinas e abominado por monarquistas e republicanos. Leia um trecho do volume.

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Atenção: o texto reproduzido abaixo mantém a ortografia original do livro e não está atualizado de acordo com as regras do Novo Acordo Ortográfico. Conheça o livro "Escrevendo pela Nova Ortografia".

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Duas mulheres fixavam, então, seus olhos, e nelas se deteve, determinado a escolher a que mostrasse mais franqueza e, sobretudo, desinteresse.

Uma delas chamava-se baronesa Dolsé. Era viúva há dez anos de um velho marido que desposara aos dezesseis e que conservara por dezoito meses, sem dele obter herdeiro.

Dolsé tinha uma daquelas figuras celestes com que Albano caracterizava seus anjos. Era alta... muito magra... com alguma flutuação e desleixo no porte... essa espécie de abandono nas maneiras quase sempre anunciam uma mulher ardente que, mais preocupada em sentir do que em parecer, ignora apenas sua beleza para poder prová-la com certeza. Um caráter doce, uma alma terna, um espírito um pouco romanesco acabavam por fazer dessa mulher a criatura mais sedutora que então existia em Paris.

A outra, a condessa de Nelmours, também viúva, de vinte e seis anos, tinha um gênero de beleza diferente; uma fisionomia marcada, traços um pouco romanos, olhos muito bonitos, alta e cheia, com mais majestade do que gentileza, menos adornos do que pretensão, um caráter exigente e imperioso, um excessivo pendor para o prazer, muito espírito, coração mau, elegância, galantaria, senhora de duas ou três aventuras, não muito firmes a ponto de comprometer sua reputação, mas demasiado públicas, contudo, para que não deixassem de acusá-la de imprudência.

Não ouvindo senão sua vaidade ou interesse, Ceilcour não teria hesitado. A posse de nenhuma outra mulher em Paris era mais lisonjeira do que a da Sra. de Nelmours. Levá-la a uma segunda união era uma espécie de vitória que ninguém ousava pretender; mas nem sempre o coração escuta aquela infinidade de considerações com as quais o amor-próprio se alimenta: deixa que o orgulho as observe e decide sem consultá-lo.

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"Os Crimes do Amor"
Autor: Marquês de Sade
Editora: L&PM Editores
Páginas: 260
Quanto: R$ 12,00 (preço promocional)
Onde comprar: pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Livraria da Folha

 
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