Livraria da Folha

 
29/10/2010 - 21h10

Leia definições de "felicidade" e "suprema felicidade", segundo Arnaldo Jabor

colaboração para a Livraria da Folha

Após 20 anos longe da telona, Arnaldo Jabor volta, nesta sexta-feira ao cinema, com o longa-metragem "A Suprema Felicidade". O filme revela um Jabor romântico desejoso de falar sobre o amor, o cronista que idealiza um certo espírito carioca, como o autor de "Amor é Prosa, Sexo é Poesia" (Objetiva).

Mas o que poderia ser felicidade para ele? No livro, Jabor diz que a felicidade é "a empada do 'bigode'". Crítico ácido, Jabor cronista traça um paralelo com o sentimento que domina as pessoas no fim de ano, quando todo mundo começa a falar: "Feliz Natal, feliz ano novo!" Mas ser feliz como? O sujeito passou o ano todo quebrando a cara, reclamando da mulher, batendo nos filhos, lutando contra o desemprego, sendo humilhado pelos patrões, e aí chega o fim do ano e todo mundo diz: "Seja feliz!" E aí o sujeito tem de estampar um sorriso alvar no rosto, uma baba simpática, um olhar vazado de luz bondosa, faz uma arvorezinha de natal com bolotas coloridas, mas um peru magro e pensa: "Sou feliz! O ano que vem, vai melhorar!". No filme, ele retrata a "Suprema Felicidade" à la "Amarcord", de Fellini. Exibe o Rio dos anos 1940, onde o menino Paulo, que seguiremos dos oito aos 18 anos, vê a cidade e as vidas adultas correrem por seus olhos de maneira cômica, dramática, escrachada.

Divulgação
Livro reúne 36 crônicas sobre sexo, amor e mulheres
Livro reúne 36 crônicas sobre sexo, amor e mulheres

No livro, ele diz que felicidade muda com a época. "Antigamente, a felicidade era uma missão, a conquista de algo maior que nos coroasse de louros, a felicidade demandava o 'sacrifício', a luta por cima de obstáculos. Felicidade se construía - por sabedoria ou esforço criávamos condições de paz e alegria em nossas vidas", escreve Jabor.

No cinema, atores como Marco Nanini, Dan Stulbach, Mariana Lima, Ary Fontoura, Elke Maravilha e João Miguel vivem papéis que crescem e encolhem. Jabor tirou, de sua caixinha de lembranças, o capitão obcecado por aviões, o pipoqueiro galanteador, a mãe de santo, as prostitutas, os sambistas, os padres caricatos.

Na crônica impressa, ele conta que, hoje, felicidade é ser desejado. "Felicidade é ser consumido, é entrar num circuito comercial de sorrisos e festas e virar um objeto de consumo. Hoje, confundimos nosso destino com o destino das coisas. Uma salsicha é feliz? Os peitos de silicone são felizes", brinca Jabor.

Na telona, o cineasta decidiu falar sobre o que sabe. De acordo com ele, a busca da felicidade atravessa épocas. Mas ele não não se vê saudosista. Diz que seu filme está colado na realidade, o que reflete a vivência dele com o jornalismo.

No papel, Jabor diz que a felicidade não é mais interna, contemplativa, não é a calma vivência do instante, ou a visão da beleza. "A felicidade é ter um 'bom funcionamento'. Marshall McLuhan falou que os meios de comunicação são extensões de nossos braços, olhos e ouvidos. Hoje, inverteram-se. Nós é que somos extensões das coisas. Fulano é a extensão de um banco, sicrano comporta-se como um celular, beltrana rebola feito um liquidificador. assim como a mulher deseja ser um objeto de consumo, como um eletrodoméstico, um 'avião', uma máquina peituda, bunduda. Claro que mulheres lindas nos despertam fantasias sacanas mas, em seguida, pensamos: 'E depois? Vou ter de conversar... e aí?' Como conversar com um 'avião' maravilhoso, mas idiota? (Aliás, dizem que uma das vantagens do Viagra é que, esperando o efeito, os homens conversam com as mulheres sobre tudo, até topam 'discutir a relação')", ironiza.

*

"Amor é Prosa, Sexo é Poesia"
Autor: Arnaldo Jabor
Editora: Editora Objetiva
Páginas: 200
Quanto: R$ 31,92 (preço promocional, por tempo limitado)
Onde comprar: 0800-140090 ou na Livraria da Folha

 
Voltar ao topo da página