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04/11/2010 - 22h22

Editora publica textos inéditos de Chico Xavier

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No centenário de Chico Xavier (1910-2002), mesmo após inúmeras edições --incluindo cartas, romances, biografias e poesias --, ainda é possível encontrar textos desconhecidos do médium mineiro? Parece difícil, mas é o que prova "Chico Xavier Inédito". O livro traz mensagens que nunca foram publicadas, psicografadas entre 1933 e 1954.

Reprodução
Textos, psicografados entre 1933 e 1954, que nunca foram publicados
Textos, psicografados entre 1933 e 1954, que nunca foram publicados

O volume reúne documentos coletados em diversos centros espíritas brasileiros, fruto de um detalhado trabalho de pesquisa histórica realizado por Eduardo Carvalho Monteiro (1950-2005), psicólogo, jornalista e autor de dezenas de títulos sobre o assunto.

Monteiro também foi responsável pela idealização da Liga dos Historiadores e Pesquisadores Espíritas e do Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo.

Além das psicografias, o exemplar conta com introduções sobre o contexto histórico dos escritos. Abaixo, leia um trecho atribuído ao espírito de Rui Barbosa (1849-1923), diplomata, jurista e político brasileiro, sobre a constituição de 1934.

Visite a estante dedicada a Chico Xavier

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Ruy Barbosa e a Nova Constituição

Divulgação/Editora Madras
Rui Barbosa (1849-1923), diplomata, jurista, escritor e político brasileiro
Rui Barbosa (1849-1923), jurista, diplomata e político brasileiro

O Momento Político-Social
Opinião do Espírito de Ruy Barbosa

Desejando de alguma forma contribuir para a solução do problema constitucional, pedi ao médium Sr. Francisco C. Xavier, de Pedro Leopoldo, Minas, o transmissor dos versos do "Parnaso de Além-Túmulo", que procurasse obter do Espírito de Ruy Barbosa a sua valiosa opinião sobre o momento político. Eis a resposta que se dignou a dar:

Não fosse solicitado a falar sobre a situação política do Brasil, eu me consideraria infenso a quaisquer opiniões de ordem pessoal sobre a atualidade brasileira, não só reconhecendo os imprescritíveis direitos do arbítrio individual e coletivo como pela transcendência das circunstâncias em que o meu pensamento seria conhecido.

A morte, dilatando o prisma da nossa visão, traz-nos um certo desinteresse pelo plano terreno, fragmentário minúsculo, em confronto com a universalidade de todas as coisas, homogênea em si, causa mater de toda a vida, fonte original de tudo que, manifestando-se através da maleabilidade da matéria e guardando, embora, a luz ignota das origens, apresenta o caráter de uma heterogeneidade fictícia e perfunctória. A grandiosidade inconcebível das parcelas do Todo e, como as partes são regidas pelas mesmas leis imutáveis que presidem ao conjunto, somos levados a uma relativa despersonalização, em benefício da inevitável concepção universalista, que subsistem em nossa individualidade as ideias de egotismo prejudicial que não se justifica.

É inegável que o Brasil atravessa um dos períodos mais críticos da sua vida como nacionalidade. País novo, não se achava indene de contagiar-se do sopro das reformas em seus paroxismos, que agita as coletividades do Velho Mundo, assoberbadas pelas dificuldades intestinais que lhes têm dizimado as energias revigoradoras. O erro da política brasileira, porém, está em não reconhecer a profunda diversidade dos métodos psicológicos a serem aplicados ao nosso povo e aos do mundo europeu. Ali a crise destruidora deve seus efeitos a causas múltiplas e indeclináveis o estado semianárquico da vida do Brasil é oriundo da escassez de valores morais.

É inútil hodiernamente qualquer mudança nos processos governamentais e, em vésperas da nova Constituinte, torna-se oportuno recordar aos que se propõem outorgar outra Carta à Nação que, o menor atentado às liberdades públicas, sancionadas dentro das normas do mais estrito direito na Constituição de 91, seria um erro perpetrado na mais irrefragável ilegalidade, perante as correntes evolucionistas mantenedoras da ordem e do progresso. Excetuando-se algumas inovações de caráter subsessivo, toda supressão das conquistas jurídicas efetuadas no mais sadio dos liberalismos como expressão singular de civismo, estabelecendo as diretrizes superiores da nacionalidade, implica um retrocesso injustificável.

A adaptação, aqui, dos processos políticos praticados largamente na Europa moderna seriam de eficácia irrisória.

No Brasil, os problemas são outros.

Embora prematuro todo julgamento que se faz das últimas sublevações brasileiras, podem descobrir os seus fatores primaciais na política compreensiva, despótica e subornadora posta em prática nestes últimos anos; foram uma consequência lógica dos abusos da máquina eleitoral, a constituírem os maiores escândalos da República, vexatórios às suas doutrinas de liberdade e igualdade.

Quando me refiro à liberdade, é obvio que subordino à lei soberana da relatividade: todavia, a visão retrospectiva dos acontecimentos nos demonstrou que, se o ideal republicano de 89, que inflamava a alma brasileira depois da vitoriosa campanha abolicionista, compelia o povo à justa compreensão dos seus direitos e deveres eliminando os preconceitos factícios da autocracia abominável do regime monárquico, os continuadores as ideias libertárias e progressivas não se mantiveram no nível dos seus compromissos e responsabilidades. Refratários à corrente purificadora dos pensamentos republicanos, criaram o falso conceito de facção política e, com um partidarismo, ominoso, fomentaram a oligarquia devastadora.

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"Chico Xavier Inédito"
Autores: Chico Xavier, Eduardo Carvalho Monteiro
Editora: Madras
Páginas: 136
Quanto: R$ 14,90 (preço promocional)
Onde comprar: pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Livraria da Folha

 
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