Livraria da Folha

 
28/09/2009 - 17h22

Finalistas na categoria Juvenil do Prêmio Jabuti falam sobre expectativa

MARIANA PASTORE
colaboração para a Livraria da Folha

Há poucos dias do resultado da apuração da segunda fase do Prêmio Jabuti 2009, na qual são conhecidos os três vencedores de cada categoria, os autores indicados na categoria Melhor Livro Juvenil falaram à Livraria da Folha sobre suas expectativas e suas obras.

O anúncio dos vencedores da segunda fase ocorre no dia 29 de setembro e a cerimônia de premiação, quando serão divulgados os Livros do Ano de ficção e não-ficção, está prevista para acontecer no dia 4 de novembro, na Sala São Paulo, região central da capital paulista.

Confira quem são os finalistas:

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Lista dos finalistas na categoria Melhor Livro Juvenil

"O Fazedor de Velhos", de Rodrigo Lacerda

"A Distância das Coisas", de Flávio Carneiro

"Cidade dos Deitados", de Heloisa Prieto

"Montanha Russa", de Fernando Bonassi

"Surfando na Marquise", de Paulo Bloise

"1808: Edição Juvenil Ilustrada", de Laurentino Gomes

"Brincos de Ouro e Sentimentos Pingentes", de Luiz Antonio Aguiar

"Figurinha Carimbada", de Márcio Araújo

"Chuva de Letras", de Luis Alberto Brandão

"Meu Pai Não Mora Mais Aqui", de Caio Riter

"Conversa de Passarinhos", de Alice Ruiz S. e Maria Valéria Vasconcelos Rezende

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Rodrigo Lacerda

Raimundo Pacco/Folha Imagem
O escritor Rodrigo Lacerda concorre com "O Fazedor de Velhos"
Rodrigo Lacerda concorre com o volume "O Fazedor de Velhos"

Quais são suas expectativas em relação ao prêmio Jabuti?

Tento não ter nenhuma expectativa, pois posso acabar não ganhando nada, e sou adepto de uma filosofia de vida chamada "pessimismo preventivo". No meu mundo ideal, os organizadores e patrocinadores dos prêmios só entrariam em contato com a gente depois de já terem o resultado final (a nosso favor, claro).

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Rodrigo Lacerda concorre com a obra "O Fazedor de Velhos"
Rodrigo Lacerda concorre com o volume "O Fazedor de Velhos"

O que inspirou "O Fazedor de Velhos"? Como o livro nasceu?

Eu tinha o título na cabeça, e o livro seria a luta entre um menino e uma espécie de bruxo, um personagem maligno, capaz de acelerar o envelhecimento físico de suas vítimas. Quando sentei para escrever, só o título ficou igual. O personagem maligno virou um personagem positivo, uma espécie de mentor intelectual do narrador, e tudo o mais também ficou diferente.

Para quem a obra é direcionada?

O que realmente me motivou a sentar para escrever foi o desejo de transmitir para a minha filha, Clara, que tinha 12 anos na época, certas impressões que eu tenho da vida, e que não adiantaria transmitir sobre a forma de conselhos, pois, como sabemos "conselho é que nem sol de inverno; ilumina mas não aquece". A capacidade das artes de enriquecerem nossa vida; a valorização da experiência e, portanto, da velhice; a crença na possibilidade do amor romântico mesmo nos dias de hoje.

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Flávio Carneiro

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Flávio Carneiro, autor de "A Distância das Coisas"
Flávio Carneiro é autor do livro juvenil "A Distância das Coisas"

Quais são suas expectativas em relação ao prêmio Jabuti?

Escrever no Brasil é sempre uma tarefa muito difícil. Há grandes dificuldades e uma forma de você se sentir mais motivado para enfrentá-las é tendo o seu trabalho reconhecido através de um prêmio como o Jabuti. Estar entre os finalistas é já uma forma de reconhecimento, sem dúvida. Agora, quando você chega a figurar entre os 10 selecionados, claro que a expectativa é de vencer o prêmio.

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O livro juvenil "A Distância das Coisas", do escritor Flávio Carneiro
O livro juvenil "A Distância das Coisas", do escritor Flávio Carneiro

O que inspirou "A Distância das Coisas"? Como o livro nasceu?

Eu queria escrever um livro narrado por um garoto que visse o mundo não de forma maniqueísta, com um olhar dividido sempre entre duas coisas: o bem e o mal, o certo e o errado etc. Então pensei num menino que duvidasse de alguma coisa que lhe disseram, que colocasse em dúvida algo que lhe disseram ser verdade. Ao mesmo tempo, queria também escrever uma história em que um menino perdesse algo importante na sua vida e tentasse recuperar isso, que corresse atrás, que não se conformasse com essa perda. Então surgiu a idéia do livro: um menino de 14 anos, que perdeu o pai quando criança, acaba de perder a mãe. O fato, no entanto, é que não o deixam ir ao velório e nem visitar o túmulo da mãe no cemitério. Ele então desconfia: será que minha mãe morreu mesmo? E decide investigar isso por conta própria. Pedro, esse narrador, é um menino que sempre compara, que vê o mundo sempre em movimento, as coisas sempre em movimento. Um menino que vive pensando em qual seria de fato a verdadeira distância das coisas, o que está perto e o que está longe, e investigar a morte da mãe é o modo como encontrei de contar a sua história.

Para quem a obra é direcionada?

Espero que o livro possa agradar a leitores a partir dos 10, 12 anos. E não só a crianças, mas a adultos também.

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Heloisa Prieto

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Heloisa Prieto está entre os dez indicados a melhor livro juvenil
Heloisa Prieto está entre os dez indicados a melhor livro juvenil

Quais são suas expectativas em relação ao prêmio Jabuti?

Fiquei feliz por ter três livros da coleção Ópera Urbana, que coordenei com o Augusto Massi e Daniel Kondo, indicados para o prêmio. É lógico que adoraria ganhar com meu título, mas já estou muito contente com todo este reconhecimento.

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"Cidade dos Deitados", de Heloisa Prieto, é da coleção Ópera Urbana
"Cidade dos Deitados", de Heloisa Prieto, é da coleção Ópera Urbana

O que inspirou "Cidade dos Deitados"? Como o livro nasceu?
O livro surgiu de minhas conversas com minha tia avó Marina Prieto. Ela fará 93 anos em setembro e nunca teve medo da morte, cemitérios, nada disso, pelo contrário. Com seu jeito delicado e irônico, ela me levava para passeios no cemitério de Santos, ensinando-me a observar as lápides, a arte funerária, os cipestres e a paz "dos que já estão deitados". Escrevi este texto ao longo de três noites, para estabelecer um diálogo com o parque do Ibirapuera descrito na prosa de Paulo Bloise. Estes foram os dois primeiros títulos da coleção que depois teve a ótima adesão de Fernando Bonassi e seu parque de diversões.

Para quem a obra é direcionada?

Ao escrevê-la, imaginei uma narradora jovem, que acaba de tirar carta e tem o pneu furado na frente do cemitério. Para enfrentar o medo de ingressar nesse mundo sombrio, sexta-feira 13, à meia noite, ela recorre às lembranças de sua sábia tia Marina. Este monólogo interior tem conquistado pessoas de idades diferentes, inclusive os idosos, que percebem as referências contidas na fala do personagem da tia relembrada na hora do espanto. Estou muito feliz com a recepção. Trata-se de uma obra bem pessoal, familiar, eu diria, e não imaginava que a repercussão pudesse ser tão boa.

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Karime Xavier/Folha Imagem
O escritor, dramaturgo e roteirista Fernando Bonassi
O dramaturgo Fernando Bonassi, autor de "Montanha-Russa"

Fernando Bonassi

Quais são suas expectativas em relação ao prêmio Jabuti?

Um prêmio representa o gosto de um grupo de pessoas em certo momento. É uma lisonja muito grande, mas não se escreve pra isso.

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Livro "Montanha-Russa", de Fernando Bonassi, se passa em parque de diversões
Livro de Fernando Bonassi se passa em um parque de diversões

O que inspirou "Montanha-Russa"? Como ele nasceu?

Montanha Russa tem dois contos. O primeiro trata da minha vivência com meu pai, que consertava certos brinquedos parques de diversão na periferia da cidade nos anos 70 e eu sempre entrei de graça! O segundo conto narra a mim, como pai agora, levando um filho num grande parque de diversões, fechado e super-moderno. Minha experiência de paternidade recente fez com que, de certo modo, me tornasse amigo do meu...

Para quem a obra é direcionada?

Pra todo mundo que quer entender como as coisas mudam, o que não muda e o que se perde para sempre e ainda assim, é preciso conhecer. O desejo é que os jovens se vejam lá de alguma maneira decente, não apenas como idiotas teleguiados ou marginais tresloucados.

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Paulo Bloise

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Paulo Bloise é autor de "Surfando na Marquise"
O autor Paulo Bloise concorre com a obra "Surfando na Marquise"

Quais são suas expectativas em relação ao prêmio Jabuti?

Estar entre os finalistas já é um prêmio e me deixa muito feliz. Tenho alguns amigos concorrendo e ficarei satisfeito com qualquer resultado.

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Volume do autor Paulo Bloise "Surfando na Marquise" concorre ao prêmio Jabuti 2009
Obra de Paulo Bloise "Surfando na Marquise" concorre ao Jabuti 2009

O que inspirou "Surfando na Marquise"? Como o livro nasceu?

O livro é um retrato do meu processo de criação, que eu acredito ser comum a vários escritores. Escrever um livro é habitar dois mundos ao mesmo tempo. Normalmente as personagens ganham vida, os lugares passam a existir no mundo interior e quem cria tem que separar a realidade externa da interna. O que eu fiz foi deixar as duas se misturarem e coexistirem. Inicialmente queria captar através do surfista, a experiência de estar só no mar. O fascínio, o medo de enfrentar uma série de ondas gigantes que, em última análise, é o confronto consigo mesmo. Sai com essa ideia e fui andar no Ibirapuera. Tentava me concentrar na história, mas a vida do parque me invadia. Eu tentei resistir, levei até um bloquinho para anotações e ficava cada vez mais frustrado. Saí de lá sem uma nota sequer. Então veio tudo de uma vez. Parei numa padaria e me rendi ao parque: surfista, skatista, patinadores, vendedores de água e crianças de colo. Todos juntos na mesma aventura.

Para quem a obra é direcionada?

Eu nunca penso nisso. Simplesmente escrevo. O tema é jovem, mas a solidão, as situações de risco e desafio não têm idade. Diria que é um livro para ser lido a partir da adolescência.

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Laurentino Gomes

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Laurentino Gomes concorre com "1808: Edição Juvenil Ilustrada"
Laurentino Gomes concorre com "1808: Edição Juvenil Ilustrada"

Quais são suas expectativas em relação ao prêmio Jabuti?

O Jabuti é o mais tradicional e respeitado prêmio de Literatura do Brasil. É o sonho de todo autor recebê-lo pelo menos uma vez na vida. Felizmente, já passei por essa maravilhosa experiência. "1808" foi premiado em 2008 como Livro do Ano de Não Ficção e Melhor Livro Reportagem com a versão adulta original do título. Confesso que não imaginava que concorreria novamente em 2009 também com a edição juvenil. Só ficar entre os dez finalistas na categoria já foi uma grande recompensa. Se ganhar, melhor ainda. Haja coração!

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Como uma rainha louca e um príncipe medroso mudaram a história de Portugal e do Brasil
Conta como um príncipe medroso mudou a história do nosso país

O que inspirou "1808: Edição Juvenil Ilustrada"? Como ele nasceu?

A edição juvenil do "1808" nasceu de uma demanda de pais e professores. Depois de lançar a versão adulta, na Bienal do Rio de Janeiro de 2007, comecei a ouvir deles a seguinte observação: "O seu livro é agradável e de linguagem acessível, mas assusta os estudantes adolescentes, que não estão habituados a ler uma obra com mais de 400 páginas". Por isso decidi fazer uma edição mais compacta, mais lúdica e ilustrada, adequada para essa faixa etária. A versão juvenil tem 146 páginas, ilustradas com aquarelas da artista plástica gaúcha Rita Brugger. Tirei os personagens secundários da versão adulta --como a história do arquivista real Luis Joaquim dos Santos Marrocos-- mas mantive a substância do conteúdo em relação à chegada da família real portuguesa ao Brasil 200 anos atrás. Curiosamente, tenho encontrado muitos adolescentes que, depois de ler a edição juvenil, ganharam coragem e leram também a adulta. Ou seja, deu certo!

Para quem a obra é direcionada?

É voltada para estudantes adolescentes, na faixa etária de 10 a 16 anos. Portanto, entre as três últimas séries do ensino básico (antigo primeiro grau) e as duas primeiras do ensino fundamental (antigo segundo grau). É um grupo que, aparentemente, está lendo pouco no papel e muito na internet. Por isso, além de fazer a edição juvenil, preocupei-me em buscar essa nova audiência também no meio digital fazendo site de internet, comunidade no orkut, no twitter e no facebook. Como diz a música do Milton Nascimento, "todo artista tem de ir aonde o povo está". Autor de livro tem de ir atrás dos leitores aonde eles estão, e nem sempre é nas livrarias. Pode ser na internet.

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Luiz Antonio Aguiar

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Luiz Antonio Aguiar concorre ao prêmio Melhor Livro Juvenil
Luiz Antonio Aguiar concorre ao prêmio Melhor Livro Juvenil

Quais são suas expectativas em relação ao prêmio Jabuti?

Seria meu segundo Jabuti por obra juvenil, e eu o recebria com grande alegria porque seria o reconhecimento de um texto em que cometi umas ousadias e atrevimentos ao escrevê-lo. Ficaria bastante contente de ver um livro assim ser premiado.

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"Brincos de Ouro e Sentimentos Pingentes", de Luiz Antônio Aguiar
"Brincos de Ouro e Sentimentos Pingentes", de Luiz Antônio Aguiar

O que inspirou "Brincos de Ouro e Sentimentos Pingentes"? Como ele nasceu?

Gosto de escrever histórias românticas. No caso, é a história de uma menina que se apaixona por um garoto bem mais velho e vivencia todos os momentos dessa paixão. Ou seja é uma história que estava na minha cabeça há muito tempo, esperando.

Para quem a obra é direcionada?

Literatura é meio sem direção. Apronta surpresas. A princípio, para jovens leitores, mas também a quem possa tocar o título, a primeira frase, a história dessa garota apaixonada que tem uma vitalidade incrível tanto na alegria quanto na tristeza. E principalmente a quem não esqueceu que a rebeldia é um valor, uma experiência de vida necessária, é a descoberta de si e do mundo, da novidade e da criatividade no viver e principalmente no amor. A gente precisa amar e se apaixonar do jeito da gente, vivenciar um amor que seja com a cara da gente, se não perde o melhor da coisa. Quem acha que coisas como estas podem lhe dizer respeito, então taí alguém que leria com prazer e envolvimento o "Brincos de Ouro e Sentimentos Pingentes".

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Márcio Araújo

Quais são suas expectativas em relação ao prêmio Jabuti?

Não tenho grandes expectativas. O fato de estar entre os indicados já supé bem bacana. Claro que é um reconhecimento muito bom. Espero que me abra portas para novos projetos junto às editoras. Mas, confesso que ganhar o prêmio não seria nada mal.

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A obra "Figurinha Carimbada", do escritor "Marcio Araujo"
"Figurinha Carimbada" é indicado para crianças de 9 a 12 anos

O que inspirou "Figurinha Carimbada"? Como ele nasceu?

Ele nasceu depois de ter escrito muitos e muitos roteiros para programas infantis e sempre encontrar resistência para falar de temas tristes, de perdas para as crianças. E como sempre tive a necessidade de falar do universo infantil como um todo, sentia essa lacuna. Daí, me veio a inspiração para escrever o "Figurinha Carimbada". Confesso que quando ele nasceu, encontrei certa resistência. Natural, o que é novo assusta. Mas o tempo foi passando, veio a peça teatral, o livro em braile, outras peças teatrais falando de perdas, então, as pessoas digeriram melhor e agora acho que é a hora certa dele. O "Figurinha Carimbada" encontrou seu espaço e seu público. E eu fico muito feliz com isso.

Para quem a obra é direcionada?

Em princípio, para crianças entre 9 e 12 anos que tenham sofrido alguma perda. O mundo da criança não é tão grande ao ponto dela encontrar outras crianças que tenham sofrido a mesma perda que ela. Uma criança que perde a mãe, por exemplo, dificilmente tem outro amigo na escola que tenha sofrido a mesma coisa. Assim, "Figurinha Carimbada" é um amigo, para que estas crianças saibam que não estão sozinhas, que outras sentem e passam pelo mesmo que elas. E possam elaborar melhor suas dores. Mas, num sentido mais amplo, é para todos, pois é muito importante que entendamos a dor do outro, para que possamos ajudar, compartilhar. Nesse sentido "Figurinha Carimbada" é um grande elo. A literatura nos possibilita sentir o que o personagem sentiu. E isso amplia nosso vocabulário emocional. Espero que o meu livro cumpra essa função e possa ajudar a termos um mundo mais fraterno, mais amoroso, onde as pessoas se olhem mais a fundo.

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Luis Alberto Brandão

Quais são suas expectativas em relação ao prêmio Jabuti?

Como as expectativas são livres, espero o melhor, ou seja, que o "Chuva de Letras" seja o vencedor. O prêmio Jabuti, por sua longevidade, é uma espécie de patrimônio da cultura brasileira. E é um mecanismo bacana de fazer o livro chegar às mãos de mais leitores.

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O livro "Chuva de Letras", do autor "Luis Alberto Brandão"
Chuva serviu de inspiração para o livro do autor Luis Alberto Brandão

O que inspirou "Chuva de Letras"? Como ele nasceu?

A chuva, com seus muitos sentidos, é o elemento inspirador. Eu queria que realmente chovesse dentro do livro. Então criei uma tela de TV com chuviscos, uma janela onde a água escorre, o desenho dos pingos numa folha de papel. A ideia era explorar, inclusive graficamente, planos narrativos que traduzissem a aproximação de mundos discrepantes.

Para quem a obra é direcionada?

Desejei que a obra pudesse ser lida com prazer por qualquer tipo de público. Parto do princípio de que o leitor, independentemente da faixa etária, gosta de ousadias, adora ser desafiado, desde que, é claro, o desafio seja inteligente e cativante. Alternativas de vida, identidade, solidão, finitude, temas que "Chuva de Letras" aborda de modo não convencional, interessam a adultos, crianças, jovens, idosos. Acredito que a gente não tem uma única idade de cada vez. A gente na verdade vive em vários tempos.

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Caio Riter

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Caio Riter é autor de "Meu Pai Não Mora Mais Aqui"
Caio Riter é autor do livro juvenil "Meu Pai Não Mora Mais Aqui"

Quais são suas expectativas em relação ao prêmio Jabuti?

São boas, mas ser indicado a um prêmio tão tradicional como o Jabuti já é uma premiação interessante. Entre tantas obras de qualidade publicadas em 2008, saber que meu livro foi escolhido por um júri qualificado como um dos dez melhores, com certeza, é motivo de alegria.

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"Meu Pai Não Mora Mais Aqui", de Caio Riter
"Meu Pai Não Mora Mais Aqui" mostra segredos de garota e garoto

O que inspirou "Meu Pai Não Mora Mais Aqui"? Como ele nasceu?

A história é longa. Tentarei encurtá-la. Conheci um garoto, numa cidade do interior do RS, e ficamos amigos, trocamos ideias via MSN. Numa dessas tantas conversas, o Tadeu me disse que sua professora havia pedido que eles escrevessem um diário. Como eu já vinha elaborando uma história de perdas, mas ainda não tinha clareza quanto a sua arquitetura, "copiei" a ideia e escrevi um texto epistolar. Durante o processo, sem que o Tadeu soubesse, ia usando fatos que ele me relatava de sua vida, suas preocupações, etc. A partir desses elementos, fui criando minha história, dando à vida do Tadeu real um tanto da liberdade ficcional.

Para quem a obra é direcionada?

Para o público juvenil. Sobretudo para jovens que buscam textos mais intimistas, que refletem sobre o ser jovem no mundo hoje e sobre as surpresas (por vezes não boas) com que a vida nos presenteia. Porém, creio que livros não têm público certo. Adultos têm lido esse meu texto e gostado.

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Alice Ruiz

Júlio César Souza/Folha Imagem
A poetisa Alice Ruiz, autora de "Conversa de Passarinhos"
A poetisa Alice Ruiz, autora de "Conversa de Passarinhos"

Quais são suas expectativas em relação ao prêmio Jabuti?

Não posso falar de expectativa, porque imagino que seja a mesma de todos os finalistas.

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Em "Conversa de Passarinhos", haikais para as crianças
"Conversa de Passarinhos" apresenta haikais para crianças

O que inspirou "Conversa de Passarinhos"? Como o livro nasceu? Para quem a obra é direcionada?

São dois livros meus que estão concorrendo e são muito diferentes. O "Dois em Um", que concorre à categoria poesia, reúne meu trabalho de duas décadas. Tem muita poesia, alguns haikais e umas poucas letras de música. O "Conversas de Passarinhos" concorre na categoria juvenil, é um livro em parceria com Maria Valéria Rezende, só de haikais e temático. Nasceu, como contamos nas orelhas do livro, do nosso encontro em João Pessoa, quando fui dar uma oficina de haikai lá e percebemos que tínhamos em comum muitos haikais para bichos, em especial, pássaros. Desenvolvemos o projeto em um ano e tivemos a feliz participação do Fê nas ilustrações, o que deu uma graça muito especial ao livro. Ter sido duplamente indicada é uma dupla honra.

 
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