Corrupção prejudicará ajuda humanitária no Haiti, diz soldado da 1ª missão brasileira

SÉRGIO RIPARDO
colaboração para a Livraria da Folha

Divulgação

Soldado viu muita misérie e violência no país caribenho

Soldado viu muita miséria e violência no país caribenho durante missão

A corrupção vai prejudicar a ajuda humanitária às vítimas do terremoto no Haiti. A avaliação é de Tailon Ruppenthal, autor de "Um Soldado Brasileiro no Haiti".

Ele fez parte do primeiro contingente de militares brasileiros enviado ao país caribenho. Ruppenthal ficou no Haiti entre junho e dezembro de 2004, fazendo escolta de comboios, segurança de autoridades e patrulhamento de favelas.

"A gente morava ao lado do palácio presidencial, que ficou destruído com o terromoto", diz Ruppenthal à Livraria da Folha.

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Gaúcho Tailon Ruppenthal integrou missão de paz no Haiti em 2004

Ele afirma que o terremoto foi uma surpresa para os militares. "Na época, fomos alertados para os furacões na região. Ninguém sabia que as placas tectônicas passavam pelo Haiti, que ali era uma bomba-relógio."

Ruppenthal se mostra preocupado com a possibilidade de desvios de dinheiro, remédios e de comida após a tragédia. "Não é só na pobreza que o Haiti é muito parecido com o Brasil. Há também muita corrupção por lá."

Ele diz que só a presença de ONGs e outras organizações humanitárias no Haiti vai garantir que os auxílios internacionais cheguem às mãos de quem realmente precisa. "Com o terremoto, muito do que foi reconstruído se acabou."

Segundo Ruppenthal, encontra-se no Haiti muita gente lucrando com a miséria da população. Por lá, paga-se US$ 1 por dia de trabalho. Ele lembra que o atual presidente do Haiti, René Préval, foi deposto no passado por corrupção. "O René no poder é como colocar o Collor de volta à Presidência do Brasil", compara o militar.

Ruppenthal nasceu em Três Coroas (RS) em 1984 e ingressou no Exército como recruta em 2003. Casado, hoje vive em sua cidade natal.

	Arte/Folha Online

Documentário

O autor de "Um Soldado Brasileiro no Haiti" mora no Rio Grande do Sul, onde participa de um projeto de documentário sobre a situação dos brasileiros no Haiti. O diretor do documentário é Henrique Maffei, que está coletando depoimentos de soldados que integraram a missão de paz.

O documentário vai se chamar "Ninguém Sabe Onde Fica o Haiti". O site do projeto é www.ondeficaohaiti.com.br.

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