Livraria da Folha

 
14/01/2010 - 08h03

Filosofia contida em "Lost" é abordada em livro

Jamille Menezes
Colaboração para a Livraria da Folha

Divulgação
Autor apresenta relação entre o seriados e conceitos filosóficos
Autor apresenta relação entre o seriados e conceitos filosóficos

No dia 9 de fevereiro começa a ser exibida no Brasil, pelo canal pago AXN, a sexta e última temporada de "Lost". A série, que tem arregimentado milhares de fãs por todo o mundo, é repleta de mistérios, metáforas e filosofias. E justamente por causa da riqueza de referências que possui, deu origem a diversos títulos que analisam os muitos aspectos da série. Entre eles, "A Filosofia de Lost", escrito pelo professor de filosofia Simone Regazzoni, que nesta obra explora os mistérios da ilha e disseca os personagens, buscando apoio nas ideias de renomados pensadores.

O resultado é um olhar inovador sobre os dilemas e as situações vividas pelos protagonistas e uma análise profunda sobre os temas recorrentes na série, como a oposição entre fé e razão, o isolamento do mundo exterior e a busca pela sobrevivência. Aqueles que não acompanharam a série até a quinta temporada, podem não entender alguma referência do livro ou ter alguma surpresa revelada. O mesmo vale para esta matéria, já que comentará alguns trechos do livro.

Alerta dado, vamos à obra. Segundo o autor, a experiência da ilha de "Lost" é uma experiência de perda do mundo, de ilha deserta. Utilizando a referência de Deleuze, a ilha não é deserta porque não tem habitantes, mas porque coloca entre si e o mundo o deserto de um oceano. Não à toa, quando Ben desloca a ilha ele vai parar no meio de um deserto.

Por vezes a ilha parece ser uma espécie de purgatório, onde cada um tem de enfrentar seus fantasmas e encontrar a remissão. Em certos momentos eles até ja se questionaram se não teriam morrido na queda do avião e aquilo tudo seria o inferno. Ou em outra hipótese um sonho ou mesmo delírio de algum deles.

A ilha de "Lost" seria real? Este é um dos aspectos questionados na série e no livro de Regazzoni. Em certa cena, o personagem Charlie diz que "há sonhos tão reais que não parecem ser sonhos". De acordo com o autor, na segunda edição da "Crítica da Razão Pura", Kant falou que a existência das coisas exteriores devem ser admitidas por fé, e que se alguém ousasse duvidar nós não poderíamos opor-lhe uma prova consistente.

A verdade de "Lost" é que tudo é relativo. Até mesmo a realidade. Alguns episódios da série, inclusive, iniciam com um dos personagens abrindo os olhos. O episódio é narrado, então, pela visão daquele personagem. Quem é vítima e quem é algoz. Tudo depende do ponto de vista. E os pontos de vista estão sempre mudando.

Um dos episódios de grande repercussão fala sobre a constante de Desmond, o viajante do tempo. Como fica indo e voltando no tempo, Desmond tem sua saúde comprometida e precisa de uma constante nos dois espaços de tempo que ele visita. Esta constante seria Penny, a mulher que ele ama. Nesta análise, Regazzoni faz referência ao que Derrida utiliza para descrever o paradoxo do apelo amoroso.

Neste episódio da série Desmond pede que Penny lhe dê seu número de telefone prometendo ligar dali a oito anos, na véspera do natal. Se ela atender ele estará a salvo. No entanto, após oito anos sem notícias dele e com o relacionamento estando rompido, existe a tensão sobre se ela atenderá ou não.

De acordo com Derrida o amor é isto, "o fato de que o outro possa não responder ao seu chamado, de que ele sempre esteja livre para não responder, e que, não obstante, apesar de tudo - todo o resto e todos os outros - ele responda e, que, com essa resposta você se salve da destruição do tempo, abrindo outra dimensão do ser".

"A Filosofia de Lost"
Autor: Simone Regazzoni
Editora: Best Seller
Páginas: 160
Quanto: R$ 24,90
Onde comprar: pelo telefone 0800-140090 ou na Livraria da Folha

 
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