Livraria da Folha

 
29/01/2010 - 11h13

J.D. Salinger é retratado como egoísta e cruel por sua filha, em biografia

PAULA DUME
colaboração para a Livraria da Folha

Divulgação
"Não me estranha que seu mundo esteja tão vazio de pessoas reais"
"Não me estranha que seu mundo esteja tão vazio de pessoas reais"

Um egoísta sem sensibilidade, um machista que fez suas mulheres sofrerem e as abandonou, um tipo capaz de converter sua família em uma seita, um iluminado predestinado a fazer de sua vida uma grande obra. Estas revelações de Margaret A. Salinger, filha mais velha de J.D. Salinger, compõem a biografia "Dream Catcher" (2001) --sem edição em português--. As informações foram divulgadas pelo jornal espanhol "El País".

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O volume é permeado por dois sentimentos: a admiração e o rancor da autora. Margaret descreve seu pai como um homem que acreditava que levar seus filhos por duas semanas de férias para a Inglaterra era o maior sacrifício que poderia fazer. Para a autora, Salinger era como os demais, uma pessoa cruel e miserável.

Margaret define Salinger como um egoísta absoluto e admite a profundidade dos abismos do escritor, presentes em sua obra. Porém, destaca que o que a incomodava é a intensa necessidade de uma pessoa estar andando pela borda do precipício. No entanto, em certa parte do livro, Margaret também declara que seu pai passou a vida escrevendo coisas belas.

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Em outra passagem, a autora declara que, para Salinger, ter alguma falha era motivo de repulsa, e ter um defeito, uma espécie de traição. "Não me estranha em absoluto que seu mundo esteja tão vazio de pessoas reais nem que seus personagens de ficção se suicidem tanto". Na biografia, Margaret mostra-se como uma mulher que sofreu horrores --frequentes ataques de pânico e cinco abortos.

Arquivo Folha
Escritor J.D.Salinger, que vivia recluso e era avesso a exposição pública, é flagrado saindo de um supermercado em 1988
J.D.Salinger, que vivia recluso e era avesso a exposição pública, é flagrado saindo de supermercado em 1988
 
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