da Livraria da Folha
Uma reportagem do jornal "The New York Times" transmite uma visão muito diferente de J. D. Salinger, contrariando a fama de recluso da literatura. Em Cornish, pequena cidadezinha na Nova Inglaterra na qual ele viveu nas últimas décadas, o autor de "O Apanhador no Campo de Centeio" era simplesmente "o Jerry". Um sujeito pacato que escrevia bilhetes de agradecimento aos bombeiros, gostava de chegar cedo aos jantares da igreja, ia a festinhas ocasionalmente, batia papo com o dono da mercearia, e conversava com crianças sobre como andava a escola.
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Escritor J. D. Salinger, de "O Apanhador no Campo de Centeio", aos 44 anos |
Segundo a reportagem, os moradores também ajudavam a manter a privacidade do autor, enviando os turistas e curiosos que perguntavam sobre a localização da casa de Salinger para locais remotos. O quão longe dependia "do nível de arrogância", disse ao jornal Mike Ackerman, dono da lojinha local.
O texto também enfatiza que Salinger era muito mais aberto com as crianças, se socializando com alunos da escola da cidade e parando para conversar com os filhos dos vizinhos antes de entrar em casa. Durante o inverno, as crianças do bairro batiam em sua porta para perguntar se podiam brincar com o trenó no morro dentro de sua propriedade, e ele sempre permitia.
"Eu até posso entender, porque depois de anos perseguido, ele confiava mais nas crianças do que nos adultos", falou a vizinha, Merilynn Bourne.