Livraria da Folha

 
10/02/2010 - 11h39

Veja trecho do thriller policial que vendeu 4 milhões de exemplares na Itália

da Livraria da Folha

Albert Oliva/Efe
Obra do escritor e humorista italiano se tornou um fenômeno editorial na Europa
Obra do escritor e humorista italiano se tornou um fenômeno editorial na Europa

"Eu Mato" é o romance de estreia do cantor, compositor e comediante de televisão Giorgio Faletti. A obra se tornou um fenômeno editorial na Itália, com 4 milhões de exemplares no país após seu lançamento em 2002 e foi traduzido para 25 idiomas.

A história segue um agente do FBI e um detetive enfrentam um serial killer em Montecarlo, no glamoroso Principado de Mônaco. Trata-se do caso mais angustiante de suas carreiras: capturar o assassino que anuncia seus próximos alvos por meio de enigmas propostos em telefonemas para um programa de rádio, conduzido por um apresentador carismático.

Divulgação
Agente do FBI e detetive italiano buscam serial killer em Mônaco
Agente do FBI e detetive italiano buscam serial killer em Mônaco

Para confundir a polícia, músicas são utilizadas como pistas dos crimes, cujas doses de barbárie e astúcia abatem e desnorteiam policiais, investigadores e psiquiatras. Os assassinatos, caracterizados pela frase "Eu mato" escrita com sangue, são marcados por uma violência que não poupa nem mesmo a pele das vítimas.

O primeiro ataque vitima um piloto de Fórmula 1 e a filha de um general norte-americano. À medida que os crimes dominam as manchetes europeias, o assassino faz novas vítimas, entre elas um gênio da informática e um bailarino russo. Tragédias pessoais afetam e conectam os envolvidos nas investigações.

O autor mantém o suspense implacável mesmo depois de revelar a identidade do criminoso, quando é iniciada uma caçada para impedir novos ataques. Ao manipular perfis psicológicos singulares com uma trama surpreendente, Giorgio Faletti conquista o leitor.

Veja abaixo um trecho do primeiro capítulo da obra policial de Giorgio Faletti.

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PRIMEIRO CARNAVAL

O HOMEM É UM E NENHUM.

Há anos, carrega a cara grudada na cabeça e a sombra presa aos pés e ainda não conseguiu descobrir qual das duas pesa mais. Algumas vezes, experimenta o impulso irrefreável de arrancá-las, pendurar num prego qualquer e ficar ali, sentado no chão, como uma marionete cujos fios uma mão caridosa se encarregou de cortar.

Às vezes o cansaço apaga tudo, inclusive a possibilidade de entender que o único modo válido de seguir a razão é partir numa corrida desenfreada pelo caminho da loucura. A seu redor, tudo é uma sequência contínua de caras e sombras e vozes, pessoas que não se questionam de modo algum, que aceitam passivamente uma vida sem respostas para o tédio ou a dor da viagem, contentando- se em mandar alguns estúpidos cartões-postais de vez em quando.

Onde ele está há música, há corpos que se movem, bocas que sorriem, trocas de palavras. Ele está entre eles, um a mais, pela curiosidade de saber quem conseguirá, dia após dia, ver desbotar mais essa fotografia.

O homem se apoia a uma coluna e pensa que são todos inúteis.

Diante dele, do outro lado da sala, uma na frente da outra numa mesa próxima da enorme vidraça que dá para o jardim, estão sentadas duas pessoas: um homem e uma mulher.

À meia-luz, ela é diáfana e doce como a melancolia, tem cabelos negros e os olhos são verdes, tão luminosos e grandes que dá para ver dali. Ele só tem olhos para a sua beleza e fala a seu ouvido, para se fazer ouvir acima do barulho da música. Estão de mãos dadas e ela ri às palavras do companheiro, jogando a cabeça para trás ou escondendo o rosto na concavidade de seu ombro.

Há pouco ela se virou, talvez atraída de alguma maneira pelo fixo olhar do homem apoiado a uma coluna, talvez à procura da origem de um mal-estar distante. Seus olhos se cruzaram, mas os dela passaram indiferentes sobre seu rosto, como sobre o resto do mundo que a cercava. Voltou a oferecer o milagre daquele olhar ao homem que está com ela e que lhe devolve o mesmo olhar, impermeável a qualquer mensagem externa à sua presença.

São jovens, belos, felizes.

O homem apoiado a uma coluna pensa que logo estarão mortos.

 
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