"Operação Policial" mostra médico que inventava doenças; leia trecho
da Livraria da Folha
| Olga Vlahou/Divulgação |
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| Autor Beto Ribeiro escolhe trecho de seu livro "Operação Policial" |
Para ganhar mais bônus, um gerente de laboratório farmacêutico convenceu um médico do interior do Estado de São Paulo a prescrever um certo tipo de medicamento a seus pacientes, mesmo que eles não precisassem.
Após investigações, uma operação da polícia descobriu 17 pessoas "diagnosticadas" com uma doença de pele que exigia tratamentos caros e desgastantes, e nenhuma delas tinha sintomas. O crime foi desmontado.
Essa é uma das dez histórias reais retratadas no livro "Operação Policial" (Marco Zero), que mostra os casos transmitidos pela série "Operação em Risco", que estreou em 1º de fevereiro na RedeTV.
Beto Ribeiro, autor e roteirista do programa, também incluiu fotos das operações e um guia sobre a organização da polícia brasileira em seu livro --com lançamento previsto para 8 de março.
Abaixo, veja o trecho do livro sugerido por Ribeiro (que também escreveu "Poder S.A."), a pedido da Livraria da Folha, sobre esta operação ligada à indústria farmacêutica.
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Operação Garra Rufa
| Divulgação |
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| "Operação Policial" mostra dez histórias da série da RedeTV |
A Operação Garra Rufa colocou fim a uma quadrilha que praticava crimes movidos pelo pior dos sete pecados da sociedade moderna: a ganância. Diferentes de todos os tipos de crimes, os que têm a ganância como base acontecem de dia e sem nenhum constrangimento. A ganância também traz em si sua própria destruição: a vaidade.
Geralmente, crimes cometidos por gente gananciosa acabam sendo extremamente bem documentados, já que seus criminosos não têm nenhum receio de ser presos. Afinal, eles acreditam estar acima do bem e do mal. Por isso, deixam rastros que um bom investidor consegue encontrar rapidamente.
Foi o que acontece nesta história com ares de roteiro de novela devido ao absurdo de seu enredo. Como sempre, a realidade é mesmo mais forte que qualquer ficção.
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Era uma vez... um gerente de um laboratório farmacêutico que queria muito alcançar seu bônus. Não só a meta 1, mas a meta 3. Ou seja, seus ganhos seriam triplicados, assim como seu poder de compra. "Já imaginou aquele carro na garagem daquele apartamento, naquele condomínio!? Por que não?", pensou o gerente ao criar uma estratégia para vender ainda mais seus (caros) produtos.
A matemática era simples: "Quanto mais remédio da minha seção eu conseguir vender, mais faturamento a empresa terá e ainda mais bônus eu vou obter". Perfeito. Sem erros. Faltava apenas encontrar seus aliados, seu time. O que não foi muito difícil de achar.
Por meio de uma rápida pesquisa na internet, o gerente conseguiu todos os dados de seu primeiro parceiro: um médico de uma cidade do interior que não chamava muita atenção e tinha todas as características de um bom cidadão. Reunião marcada, lá foi o gerente para a pacata cidade, a mais de 400 quilômetros de São Paulo. Ao apertar a mão do médico, o gerente já sabia: "Esse é dos meus". Seu sexto sentido não falhou.
Em alguns minutos, o plano já brilhava aos olhos do doutor. O médico deixou o monstro tomar conta do corpo e da alma e pediu para o gerente repetir toda a estratégia de venda de seus produtos farmacêuticos.
- Simples - explicou mais uma vez o gerente -, quanto mais prescrições médicas saírem do seu consultório, indicando nosso produto, mais comissão depositamos para o senhor.
O médico questionou como os pacientes poderiam pagar pelos remédios - caros remédios, cerca de sete mil reais a ampola. O gerente sorriu. Tudo já estava planejado: - Nós encontraremos um advogado que entrará com um mandado de segurança contra a Secretaria da Saúde do Estado. A secretaria pagará pelo remédio. Ou seja, é dinheiro do governo...
- E os pacientes? Onde conseguirei tantos pacientes? - perguntou o médico preocupado.
- Meu caro... Já temos uma ONG preparada para sair por aí procurando gente até na roça para trazer até seu consultório.
- Mas onde faremos as aplicações do remédio? - mais uma vez o doutor questionou.
Já um pouco cansado da falta de rapidez de raciocínio do médico, o gerente respondeu depois de um longo suspiro:
- Isso é o mais fácil. Construiremos em sua clínica um ambulatório com todas as condições necessárias para fazer as aplicações.
- Última pergunta - o médico garantiu.
O gerente ainda estampava seu sorriso falso e começava a pensar se aquele seria mesmo seu melhor médico parceiro.
- E se os pacientes não tiverem nenhum sintoma da doença? Se não precisarem tomar os remédios?
O gerente riu, riu até um pouco alto demais.
- Bobagem... Isso é só um detalhe... Doente ou não, ele que tome o remédio.
O médico ficou impressionado com a possibilidade de fazer parte de uma ação corporativa tão bem estruturada e inteligente. Os dois selaram a parceria com um aperta de mão. O gerente voltou para a cidade grande achando que até conseguiria bater a meta 4. O médico fechou o consultório e foi para casa tomar aquele vinho que estava guardado para comemorar um momento especial, um momento de virada importante na sua carreira. E quem disse mesmo que a sorte não bate à sua porta?
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"Operação Policial"
Autor: Beto Ribeiro
Editora: Marco Zero
Páginas: 112
Quanto: R$ 15,90
Onde comprar: Pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Livraria da Folha.
