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Após assistir ao filme "The Stroszek", do diretor alemão Werner Herzog, no dia 18 de maio de 1980, Ian Curtis, vocalista guitarrista e fundador da banda Joy Division, se matou.
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Joy Divison e New Order: como bandas, com as mesmas raízes, podem ser tão diferentes? |
Nascido em 1956, na Inglaterra, Curtis decidiu se tornar um astro da música após um show da banda Sex Pistols. Reunindo membros da banda Warsaw, fundou o Joy Division.
Com forte influência punk do final da década de 1970, as letras do grupo são marcadas pela depressão de seu fundador.
Com o seu suicídio, o grupo mudou de cara e seus membros criaram outro fenômeno da música do século 20: o New Order.
O livro "Joy Division / New Order: Nada É Mera Coincidência" (Landy Editora, 2006) delineia a trajetória das duas bandas, analisando as letras musicais e os contextos políticos, sociais e econômicos da duas bandas.
Da revolta visceral do punk e do niilismo do pós-punk ao transe coletivo da música eletrônica, o volume mostra como nada na história é mera coincidência. Leia um trecho no qual a autora faz uma análise da letra da música "Love Will Tear Us Apart", de 1979.
Atenção: o texto reproduzido abaixo mantém a ortografia original do livro e não está atualizado de acordo com as regras do Novo Acordo Ortográfico. Conheça o livro "Escrevendo pela Nova Ortografia".
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Quando o amor rima com dor
Para Ian Curtis, todo sentimento é dor, sobretudo o amor. Na música de maior sucesso da banda, Love Will Tear Us Apart, ele canta:
Divulgação |
Livro aborda a trajetória das bandas e as diferenças entre seus fãs |
When routine bites hard
and ambitions are low
and resentment rides high
but emotions won't grow
And we're changing our ways, taking diferent roads
Then love, love will tear us apart again
Love, love will tear us apart again
Why is the bedroom so cold?
You've turned away on you side
Is my timing that flawed?
Our respect run so dry
Yet there's still this appeal that we've kept through our lives
But love, love will tear us apart again
Love, love will tear us apart again
You cry out in you sleep
all my fallings exposed
And there's a taste in my mouth
as desesperation takes hold
Just that something so good just can't function no more
But love, love will tear us apart again
Love, love will tear us apart again
Love, love will tear us apart again
Love, love will tear us apart again
Quando se está apaixonado a tendência natural é querer estar junto à pessoa amada. No entanto, o amor é aquilo que os separa. De novo e de novo.
Quando existe o ideal de vida em comum, caminha-se lado a lado na mesma direção. Mas o que resta são estradas diferentes.
Quando se ama, as dificuldades podem ser superadas uma a uma. No entanto, só há solidão a dois. O que fica é o conformismo, a incomunicabilidade, o ressentimento. Um paradoxo de emoções.
Estabelece-se uma nítida dicotomia e um forte dualismo nessa que é uma das canções mais belas e tristes do mundo do rock: união e separação, amor e dor, um e dois, objetivos comuns e estradas diferentes, calor da relação e frio do quarto, crescer e murchar/secar, você e eu (jamais nós).
O entorpecimento não é apenas físico. É também emocional. Ian precisa se ferir até sangrar para sentir que existe algum sentimento, qualquer tipo de sentimento. Amor? Nunca rimou tanto com dor.
As letras de Ian Curtis refletem angústia, solidão, desespero, depressão ad infinitum. Niilista, pessimista e escapista em sua essência. Do começo ao fim.
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"Joy Division / New Order"
Autor: Helena Uehara
Editora: Landy
Páginas: 144
Quanto: R$ 25,00
Onde comprar: pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Livraria da Folha