O personagem

AFP
Héctor Raul Cúper


A pergunta de hoje

O colunista responde

Aconteceu na semana
Esporte em números
Veja na TV


PENSATA

Domingo, 14 de maio de 2000

O COLUNISTA RESPONDE


Rodrigo Bueno
     



‘‘Bueno, acho que você é um pouco duro ou mesmo frio com o Rivaldo. Não sou fã dele, mas quero lembrar que o Rivaldo, como o Romário, já foi campeão pelo Barcelona, coisa que o Ronaldinho não foi. Rivaldo não é gênio (como Pelé, Garrincha, Maradona, Puskas, Didi, Tostão, Platini, Romário) mas não deve nada aos Cruyffs e Van Bastens da vida, para não falar de outros estrangeiros endeusados por nossos cronistas.’’
José Rosa Filho, São Paulo, SP

José, já fui muito mais crítico do Rivaldo do que sou agora. Realmente, ele é um jogador bem acima da média, um craque. Em 1999 e em boa parte deste ano, ele foi um dos melhores do mundo. O prêmio que ele ganhou da Fifa foi discutível, mas nem por isso foi imerecido. Concordo com você (e com quase todo o planeta) que ele está bem longe da genialidade dos nomes que você citou entre parênteses. Mas tenho que defender Cruyff, Van Basten e os cronistas. Cruyff, eleito o jogador do século na Europa, revolucionou o futebol com o Ajax e a Holanda.

Van Basten, o melhor atacante europeu dos últimos 20 anos, ganhou todos os títulos possíveis (menos a Copa do Mundo e a Copa da Uefa). Cruyff e Van Basten ganharam três vezes (com sobras) a ‘‘Bola de Ouro’’, prêmio tradicional que Rivaldo ganhou uma vez. Os dois holandeses estão ainda acima de Rivaldo. Outra coisa: Ronaldinho foi campeão da Recopa com o Barcelona em 1997, o principal título do time catalão nos últimos oito anos. Na era Rivaldo, o Barça não ganhou título internacional de expressão.


‘‘O Benfica tem sido persistentemente perseguido pelos meios de comunicação. O time foi mais uma vez vítima de uma arbitragem tendenciosa contra o Sporting. Ao contrário do que a imprensa nos quer fazer crer, o Benfica tem uma equipe ao nível dos seus adversários. A diferença é que nós temos de lutar contra a imprensa e as arbitragens, que estão do lado do Porto e do Sporting. Podemos concluir que, como as regras do jogo não são as mesmas, o Benfica terá que ter um time bastante superior ao Porto e ao Sporting para conseguir ser campeão. Quanto mais tempo vamos nós, benfiquistas, tolerar essa perseguição e desrespeito ao maior clube e instituição pública de Portugal?’’
Antonio Besugo, São Paulo, SP

Já há algumas semanas, eu e boa parte do mundo esportivo recebemos e-mails de torcedores do Benfica revoltados com um suposto ‘‘esquema’’ para beneficiar o Porto. Poderoso grupo de comunicação estaria por detrás da ajuda ao time de Jardel. Outros cinco leitores (Carlos Sousa, Luis Valbom, Manuel Pinheiro, Vitor Marques e Rui Pedro Nascimento) me mandaram o mesmo e-mail em inglês falando desse esquema.

O fato é que nos últimos anos o Porto tem mesmo construído uma hegemonia em Portugal em decorrência de sua melhor estruturação (isso engloba, lógico, apoio financeiro, como o da Telecel, que estampa seu nome na camisa do Sporting e na do Benfica também). Já o Benfica, que considero mesmo o clube português de maior expressão, vem sofrendo com grave crise financeira. Tanto que o Porto hoje é mais bem-visto no G-14, grupo formado pelos 14 clubes de maior inversão da Europa, do que o Benfica. Algumas acusações, como a de que Jardel teria caminhado facilitado para marcar gols e ganhar a ‘‘Chuteira de Ouro’’ são infundadas. A Uefa inclusive já respondeu sobre isso.

No resto, fica a discussão sobre a influência de grandes empresas em algumas equipes e em alguns campeonatos, mas isso vale para quase todos os países do mundo, inclusive o Brasil.



E-mail:
rbueno@folhasp.com.br



Leia mais:





Leia as colunas anteriores:

23/04/2000 - Superligas
30/04/2000 - Presente e Passado
07/05/2000 - "Gatos" na Nigéria