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Sexta-feira, 12 de maio de 2000

O melhor
do mundo

Eduardo Ohata
     
Diego Medina


O mais difícil adversário do campeão unificado dos meio-pesados, Roy Jones Jr., que defende amanhã os cinturões das três principais entidades do boxe contra o desafiante Richard Hall, não está dentro dos ringues.

O mais trabalhoso para ele deve ser obter inspiração e treinar para as lutas, algo natural para alguém que
é favorito na proporção de 100 por 1 nas bolsas de apostas.

Veloz e pegador, Roy Jones Jr., que tem cartel de 41 vitórias e 1
derrota (por desclassificação), é considerado pela maioria dos es­
pecialistas o melhor pugilista da atualidade e, sem adversários em
sua própria categoria de peso, volta a pensar na possibilidade de
ascender de peso, desta vez para desafiar o inglês Lennox Lewis.

‘‘Ele pode ser vencido’’, diz Roy Jones Jr., embora não seja possível saber se pretende sustentar o desafio, pois a superioridade em peso e altura em favor do britânico Lewis seria imensa.

No passado, Roy Jones Jr. chegou a praticamente ter fechado um combate com ‘‘Buster’’ Douglas, o algoz de Mike Tyson. Depois, pipocou. E viu Lou Savarese, seu substituto, fulminar Douglas em um único assalto.

O único adversário atraente para o norte-americano entre os meio-pesados é o alemão Dariusz Michalczewski, campeão pela OMB, que ainda assim subiria ao ringue no papel de azarão.

O maior obstáculo para a concretização de tal combate é o pro blema de fuso, pois se a apresentação fosse realizada nos EUA, o
horário não seria favorável à audiência alemã e vice-versa.

Para piorar, o empresário do alemão, Klaus-Peter Kohl, disse considerar absurda a exigência de US$ 10 milhões da parte de Jo­
nes para enfrentar seu lutador. Enquanto isso, Roy Jones, 31, reina soberano nos EUA.

*

A influência de Roy Jones Jr. é sentida até pelo pugilista brasileiro Acelino Freitas, o Popó, 24, campeão dos superpenas pela Organização Mundial de Boxe.

Um dos envolvidos nas negociações para a estréia do baiano na rede de TV a cabo HBO, no dia 10 de junho, em Detroit (EUA), comentou que Lemuel Nelson foi selecionado como o rival de Popó
para sua estréia na emissora por ser protegido de Roy Jones Jr., que atua como comentarista na HBO.

Tal comentário faz sentido, pois Lou DiBella, vice-presidente de esportes da emissora, havia dito certa vez que na HBO, Popó só enfrentaria rivais da elite do boxe (o que não é o caso de Nelson).

O norte-americano, que assim como Roy Jones também tem como empresário Murad Muhammad, não tem o tipo de cartel que outros pugilistas cogitados pela HBO para enfrentar Popó, como os ex-campeões Kevin Kelley, Roberto Garcia, Tom Johnson e Tracy Patterson, possuem.

Em sua apresentação mais importante, Nelson superou por pontos em janeiro passado, o então segundo do ranking da OMB, o argentino Ariel Nistal, que não conta com prestígio nem mesmo em seu país, onde é chamado de ‘‘paquete’’ (na gíria local, lutador
medíocre) por jornalistas.

O cenário favorece o brasileiro, que assim tem uma chance de
ouro para apresentar uma performance convincente como seu cartão de apresentação ao grande público dos EUA.

Notas

Amador
A equipe brasileira venceu o Desafio Brasil x França de boxe amador na última terça-feira, por 3 a 2. A surpresa foi a derrota do meio-pesado Laudelino Barros, por pontos, para o francês Heneré Tahiata. Convém lembrar, porém, que o brasileiro, que já tem vaga garantida em Sydney, vem de uma sequência desgastante de torneios. Outros resultados: Valdemir Pereira (BRA) venceu Jérome Roussel (FRA); Juliano Ramos (BRA) venceu Mehdi Azri (FRA); Ishau Lahmar (FRA) venceu Emerson Marques (BRA) e José Archak (BRA) bateu Xavier Noel.

Profissional
Reginaldo ‘‘Hollyfield’’ Andrade, destituído do título das Américas da Associação Internacional por não defendê-lo, promete recorrer. ‘‘Não haviam nos informado sobre o prazo’’, diz Ruy Pon- tes, seu empresário.


E-mail
: eohata@folhasp.com.br


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