Reuters
05/09/2002 - 12h42

Filme sobre 11 de setembro promete causar polêmica em Veneza

da Reuters, em Veneza

O festival de Veneza flertará com a polêmica hoje ao exibir um filme sobre os ataques de 11 de setembro com críticas aos Estados Unidos, a menos de uma semana do primeiro aniversário da tragédia.

O público do evento assistirá à pré-estréia da produção francesa "11'09''01", que fala sobre os ataques de 11 pontos de vista diferentes, alguns dos quais devem abalar o festival e provocar debates acalorados.

Diretores de 11 países, entre os quais o britânico Ken Loach, o norte-americano Sean Penn e a indiana Mira Nair, filmaram trechos de 11 minutos e 9 segundos para o filme sobre os ataques, que deixaram mais de 3.000 mil pessoas mortas nos EUA há cerca de um ano.

"A dimensão da tragédia me fez refletir sobre o modo como outras pessoas e outras culturas tinham recebido o choque e por que as TVs não se interessaram por divulgar uma visão mais universal dos ecos do 11 de setembro", disse o produtor francês Alain Brigand, idealizador do projeto.

"Por isso propus a 11 diretores renomados que olhassem para suas culturas, suas próprias memórias, suas próprias histórias, sua própria língua."

No 11 de setembro do ano passado, sequestradores assumiram o controle de quatro aviões de passageiros, jogaram dois contra as torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York, e um terceiro no Pentágono. Um quarto caiu em uma área rural da Pensilvânia.

Segundo meios de comunicação norte-americanos, alguns dos 11 curta-metragens da produção francesa são claramente anti-EUA.

Como resultado, nenhuma distribuidora norte-americana se mostrou interessada no filme ainda.

Na mira

O diretor egípcio Youssef Chahine assina a contribuição mais crítica, na qual acusa a superpotência de cometer atrocidades em nome de sua política internacional.

O trecho de Loach também trata da política internacional norte-americana ao concentrar-se em um outro acontecimento de um 11 de setembro: o golpe militar dado pelo general Augusto Pinochet, no Chile, em 1973.

O golpe contou com o apoio do então presidente norte-americano, Richard Nixon, e inaugurou um regime marcado por repressão, tortura e assassinato.

Os diretores bósnio Danis Tanovic, do filme "Terra de Ninguém", e mexicano Alejandro Gonzalez, de "Amores Brutos", também participam da produção francesa.

Penn afirmou que seu trecho tenta passar a mensagem de que a "perda acontece todo dia e é seguida pela dor."

"A questão é saber como estar em paz com o hoje e acreditar que amanhã poderá ser melhor."

O filme não concorre no festival. Ele estreará no circuito comercial da França no dia 11 de setembro próximo e poderá ser visto pelo público norte-americano no Festival de Toronto (Canadá) na mesma data.

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