Reuters
07/10/2002 - 18h35

Ganhador do Nobel de Medicina surpreende-se com premiação

da Reuters, em Londres

O vencedor do Nobel de Medicina de 2002 John Sulston, 60, que dividiu hoje o prêmio com outros dois cientistas, recebeu a notícia em uma mensagem da secretária eletrônica em seu escritório no Centro Sanger, em Cambridge.

Embora estivesse em sua mesa, o cientista não conseguiu atender o telefone e teve de retornar a ligação para o comitê do Nobel na Suécia antes de acreditar que aquilo era verdade.

"Soube pela mensagem e depois retornei o telefonema, o que tornou a situação mais fácil de aceitar", disse Sulston. "Tive tempo de ponderar e dizer 'isso é real?'"

Sulston dividirá o prêmio de US$ 1 milhão com o também britânico Sydney Brenner, do Instituto de Ciências Moleculares, em Berkeley (Califórnia), e o norte-americano Robert Horvitz, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), em Boston.

Os três foram escolhidos pelo trabalho inovador sobre como os genes regulam a divisão celular e a morte celular programada, mecanismo associado a doenças como o câncer.

"Estou incrivelmente honrado de ser reconhecido desta forma", afirmou Sulston.

Apesar de ter chefiado a unidade britânica do Projeto Genoma Humano --trabalho de sequenciamento do mapa genético do homem--, o Prêmio Nobel foi atribuído ao trabalho anterior de Sulston sobre o verme nematóide Caenorhabditis elegans.

"Isto remota a 1969, quando trabalhei com o grupo de Sydney Brenner. Ele começou tudo sozinho e depois agregou um grupo de estudantes de pós-doutorado", disse o Nobel. "Expandimos e verificamos que era um bom sistema para avaliar o controle da linhagem e morte celular."

Como o verme é muito pequeno, com cerca de 1 mm, ele er o modelo ideal para os cientistas acompanharem, em microscópio, a divisão celular desde o óvulo fertilizado até a fase adulta.

Compreender os complicados processos de divisão celular, o "suicído celular" e o controle dos genes sobre a programação pode trazer novas informações sobre câncer, Aids e problemas cardíacos.

As descobertas de Brenner formaram a base para o prêmio Nobel. Sulston identificou a primeira mutação de um gene no processo de morte celular e Horvitz, que também se juntou ao grupo, descobriu e caracterizou genes fundamentais para o controle da morte celular no verme.

"Alguns destes genes têm funções semelhantes em humanos e, quando há falhas, quando os genes são ativados ou desativados de forma inadequada, isso pode provocar vários tipos de problemas", disse Sulston.

No ano passado, Paul Nurse e Timothy Hunt, do Fundo Imperial de Pesquisa de Câncer, no Reino Unido, e o norte-americano Leland Hartwell, do Centro de Pesquisa de Câncer Fred Hutchinson, em Seattle, foram premiados pelo trabalho na identificação de componentes essenciais para o controle da replicação celular.

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