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07/10/2002 - 11h30

Pesquisa sobre "suicídio de células" leva Nobel de Medicina

da Folha Online

Três cientistas, cujos estudos sobre um pequeno verme contribuíram com a pesquisa de doenças fatais como a Aids e o câncer, ganharam hoje o Prêmio Nobel de Medicina.

Os britânicos Sydney Brenner e John Sulston e o norte-americano Robert Horvitz dividiram o prêmio de US$ 1 milhão pelo trabalho sobre como os genes regulam o desenvolvimento dos órgãos e a morte de células, informou o Instituto Karolinska, da Suécia, responsável pela premiação.

Brenner, 75, Sulston, 60, e Horvitz, 55, trabalharam com um verme de apenas 1 milímetro de comprimento --o Caenorhabditis elegans-- a fim de descobrir como os genes controlam o desenvolvimento do animal e a morte das células.

A morte programada das células, ou "suicídio celular," é um processo natural e necessário no qual bilhões de células morrem todos os dias, enquanto um número parecido de outras novas são criadas a fim de permitir que o corpo e o sistema nervoso se desenvolvam.

Mas, em algumas doenças, como na Aids, há uma perda excessiva de células, enquanto com outras, como no câncer, o processo de "suicídio" diminui excessivamente seu ritmo.

"As descobertas sobre a morte programada das células nos ajudou a entender os mecanismos por meio dos quais alguns vírus e bactérias invadem nossas células," declarou o instituto. "Também sabemos que na Aids, em doenças neurodegenerativas, em ataques do coração, perdem-se células excessivamente devido a uma intensificação do processo de morte delas."

Muitos pesquisadores, entre os quais os que estudam o câncer, pesquisam atualmente a morte programada das células, e vários tratamentos baseiam-se na manipulação do "programa de suicídio" celular.

Biografias
Sydney Brenner, 75, nasceu em 13 de janeiro de 1927, na África do Sul, mas é cidadão britânico. Depois de formar-se na Universidade Witwatersrand de Johannesburgo (África do Sul), em 1951, obteve o doutorado em Oxford (Reino Unido), em 1954. Hoje trabalha no Instituto de Ciências Moleculares de Berkeley (EUA).

Especialista em genética, Brenner é célebre por suas pesquisas relativas à sequenciamento do genoma humano. É membro estrangeiro da Real Academia de Ciências da Espanha (1985), membro honorário da Sociedade Chinesa de Genética de Taiwan (1989) e membro estrangeiro da Academia Francesa de Ciências.

O norte-americano H. Robert Horvitz, 55, nasceu em 8 de maio de 1947. Trabalha no departamento de biologia de Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), de Cambridge (EUA). Ele estudou na Universidade de Harvard, na qual obteve o doutorado em 1974. Em 1978, começou a trabalhar como professor-assistente no MIT, passando a ser titular em 1986.

É membro da Academia de Ciências dos Estados Unidos desde 1991 e recebeu em 2001 a medalha da Sociedade de Genética dos Estados Unidos.

O britânico John E. Sulston, 60, nasceu em 27 de março de 1942. É considerado um dos artífices do projeto público de decifração do genoma humano (HGP).

Depois de obter um doutorado de química orgânica na Universidade de Cambridge (1966), Sulston trabalhou para o Salk Institute de La Jolla (Califórnia, EUA). Após regressar a Cambridge em 1969, dedicou-se à pesquisa o C. elegans. Junto com seus colegas da Universidade de Washington, publicou o mapa genético desta espécie, em 1990. Oito anos depois, sua equipe terminou seu sequenciamento, o primeiro realizado em um animal.

Em 1992, Sulston assumiu a direção do Sanger Centre que, com a ajuda financeira do Wellcome Trust --a fundação financiada pela firma farmacêutica britânica Glaxo Wellcome--, lançou-se ao ambicioso projeto de sequenciamento do genoma humano.

Cientista discreto, que usa barba, calça sandálias e descreve a si mesmo como um "filho dos anos 60", é um implacável crítico da mercantilização da ciência. "Há quem queira pagar uma fortuna à espécie humana para ler seu próprio código genético. Nós estamos aqui para dizer a eles que o genoma humano não está à venda", declarou em 2001.

Com agências internacionais

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