Reuters
17/01/2003 - 20h00

Forças Especiais dos EUA treinarão soldados da Colômbia

da Reuters, em Bogotá (Colômbia)

Cerca de 60 integrantes das Forças Especiais dos Estados Unidos viajaram discretamente para a Colômbia a fim de treinar soldados do país na proteção de um oleoduto contra ataques de rebeldes marxistas, disseram hoje autoridades colombianas e norte-americanas.

A chegada dos soldados norte-americanos, que se juntaram a outros dez membros das Forças Especiais Americanas que estavam na província de Arauca desde dezembro, representa um envolvimento mais profundo de Washington na Colômbia.

O pessoal norte-americano está em duas bases militares em uma das áreas mais violentas da Colômbia. O objetivo é treinar uma brigada militar colombiana para proteger o oleoduto "Cano Limon".

O oleoduto é operado pela firma norte-americana "Occidental Petroleum" e sofreu 40 ataques a bomba dos rebeldes em 2002. Em 2001 foram 170 ataques.

Os Estados Unidos mantêm uma postura cuidadosa em relação ao envolvimento na guerra interna da Colômbia. A ajuda restringia-se à luta contra a indústria da cocaína, mas, depois dos ataques de 11 de setembro, Washington autorizou Bogotá a usar a ajuda norte-americana contra grupos armados ilegais considerados "terroristas".

O treinamento, programado para começar em duas semanas, faz parte de um pacote de US$ 98 milhões em ajuda.

"O plano é começar o treinamento em duas semanas. As Forças Especias dos EUA vão precisar de muito equipamento, então muitos vôos irão para Arauca nos próximos dias", disse uma autoridade que pediu anonimato. Serão enviados equipamentos de vigilância e material para desativar explosivos.

A lei norte-americana não permite o envolvimento dos soldados em combate.

Cidade perigosa
A autoridade disse que o pessoal, que pertence ao 7º Grupo de Forças Especias de Fort Bragg, na Carolina do Norte, treinará as tropas colombianas em "detecção e interdição de um potencial dano à infra-estrutura".

O oleoduto de 780 quilômetros é um dos principais alvos das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que tem 17 mil soldados, e do Exército de Libertação Nacional (ELN).

Os soldados dos EUA estão em bases em Arauca e Saravena, cidades com forte infiltração rebelde e declaradas "zonas especiais de combate" no ano passado pelo presidente Álvaro Uribe. A presença militar foi intensificada.

Saravena é uma das cidades mais violentas da Colômbia e as tropas vivem em acampamentos com vigilância reforçada.

Na semana passada, rebeldes das Farc detonaram três carros-bomba na província de Arauca, matando 5 civis e ferindo 15.

De acordo com o "Plano Colômbia" dos Estados Unidos, Forças Especiais norte-americanas já treinaram três batalhões antidrogas da Colômbia. O comércio de cocaína é uma importante fonte de financiamento de grupos armados ilegais.

Uribe, que assumiu o governo em agosto prometendo combater os grupos armados ilegais de esquerda e direita, quer mais ajuda militar dos EUA na área de inteligência e a retomada dos vôos de interceptação de aeronaves de transporte de drogas. A Colômbia é o terceiro receptor de ajuda financeira dos Estados Unidos.

A proteção do oleoduto "Cano Limon", o segundo mais usado nas exportações colombianas, é um importante objetivo de Uribe, que depende dos rendimentos do petróleo para aumentar os gastos militares e sociais.

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