Reuters
20/01/2003 - 19h45

Bush afirma que ainda há preconceito racial nos Estados Unidos

da Reuters, em Landover (EUA)

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, disse hoje que o país fez progressos no campo dos direitos civis, mas que "ainda há preconceito contra pessoas negras". Ele fez a declaração durante cerimônia em memória do líder dos direitos civis Martin Luther King Jr.

Bush e sua esposa, Laura, participaram do evento na Primeira Igreja Batista na comunidade Glenarden, no subúrbio de Washington, marcada por hinos gospel e música de órgão.

Bush, que há poucos dias irritou líderes da comunidade negra ao desafiar o uso da raça nos programas de admissão a universidades, foi ovacionado ao ser apresentado, assim como sua assessora nacional de segurança, Condoleezza Rice.

King liderou a luta contra a segregação nos Estados Unidos até ser assassinado, em 1968.

"É apropriado que honremos este grande americano em uma igreja porque da igreja vem a noção de igualdade e justiça. E mesmo com o progresso que foi feito, ainda há mais a ser feito", disse Bush à congregação.

"Ainda há pessoas em nossa sociedade que sofrem. Ainda há preconceito com pessoas negras. Ainda há um sistema escolar que não eleva todas as crianças para que aprendam", disse.

Bush e os republicanos tomaram algumas atitudes para reparar as relações com a comunidade afro-americana após a controvérsia ao redor do ex-líder do Senado Trent Lott.

Lott, republicano do Mississippi, foi forçado a renunciar como líder da maioria após afirmar que o país seria melhor se o candidato segregacionista Strom Thurmond tivesse vencido a eleição presidencial de 1948.

Universidade de Michigan
Na semana passada Bush irritou muitos líderes de direitos civis, quando seu governo enviou à Suprema Corte uma contestação à política da Universidade de Michigan de usar preferências raciais na admissão de estudantes.

Bush disse que a política "provoca divisões, é injusta e impossível de se enquadrar à Constituição".

O secretário de Estado Colin Powell, o mais famoso afro-americano no governo Bush, disse ontem que discordou de Bush, mas que entende o motivo da decisão.

O pastor John Jenkins não fez referência à controvérsia durante a cerimônia na igreja, mas pediu para as crianças afro-americanos aproveitarem as oportunidades educacionais.

"Não desperdicem a oportunidade de poder ir à escola", disse Jenkins. "Muitas destas oportunidades não estavam disponíveis para seus antepassados".

Bush, cristão devoto, aproveitou a oportunidade para promover sua proposta de permitir o acesso de organizações religiosos a financiamento federal para programas de ajuda social.

Sua iniciativa nunca passou no Congresso pois há preocupação de que possa violar a exigência constitucional de separação entre a igreja e o Estados.

"É adequado que nos encontremos aqui em uma igreja porque nesta sociedade precisamos entender que o governo pode ajudar, o governo pode escrever cheques, mas não pode colocar esperança nos corações das pessoas ou propósito nas vidas das pessoas", disse Bush no evento.

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