Reuters
21/01/2003 - 09h54

Em clima tenso, as duas Coréias fazem reunião

da Reuters, em Seul (Coréia do Sul)

Uma delegação norte-coreana de alto nível desembarcou hoje em Seul com promessas de buscar a reaproximação das duas Coréias. Os sul-coreanos esperam que essa nova rodada de negociações sirva para dissuadir os vizinhos comunistas de suas ambições nucleares.

Será o primeiro contato entre os dois países desde que a Coréia do Norte se retirou do Tratado de Não-Proliferação Nuclear, no começo do mês, o que agravou o impasse iniciado em outubro, quando Pyongyang teria admitido aos Estados Unidos que reativou seu programa nuclear.

Os encontros de Seul acontecerão em três níveis e em três locais diferentes. Em todos eles, o governo sul-coreano quer dizer à Coréia do Norte que, junto com a comunidade internacional, rejeita as ambições nucleares de Pyongyang.

Mas a Coréia do Norte vem dizendo que a questão deve ser resolvida de forma bilateral com os Estados Unidos. Seu interesse nessa reunião é conseguir ajuda econômica de Seul e provocar um afastamento entre a Coréia do Sul e os Estados Unidos, segundo analistas.

Ao chegar a Seul, o chefe da delegação norte-coreana, Kim Ryong-song, apelou à unidade étnica entre os coreanos. "Quanto maiores a pressão do exterior e a severidade da situação, mais devemos nos unir para forjar o destino da nação e superar a dificuldade com fervorosos sentimentos nacionais", afirmou ele numa nota.

A reunião ministerial, principal instância dessa série, começa amanhã, no mesmo dia em que técnicos dos dois países começam a discutir a construção de uma ferrovia, em Pyongyang.

Esse é o último contato oficial entre os dois países durante o mandato do presidente sul-coreano, Kim Dae-jung, que recebeu o Nobel da Paz por seu trabalho de aproximação com a Coréia do Norte.

Seu sucessor eleito, Roh Moo-hyun, que toma posse em 25 de fevereiro, prometeu manter a estratégia de Kim, que é a de colaborar com uma mudança pacífica no regime comunista, por meio de ajuda, comércio e investimento.

Roh manifestou intenção de participar da atual série de reuniões, e o norte-coreano Kim Ryong-song disse que não vê problema em encontrá-lo.

Um dos pontos mais importantes da reaproximação são as reuniões regulares de famílias separadas pela Guerra da Coréia (1950-53). Já houve cinco ocasiões dessas, envolvendo milhares de pessoas -uma pequena parcela dos mais de 1 milhão de sul-coreanos que têm parentes na Coréia do Norte.

A Cruz Vermelha da Coréia do Sul quer marcar novas reuniões entre parentes para fevereiro. O governo sul-coreano propõe também a construção de instalações permanentes para que os parentes, hoje idosos, se reúnam.

A reunião ministerial de Seul acaba na sexta-feira (24). Nela deve ser discutida também a restauração da ferrovia e da rodovia que cruzam a fronteira intercoreana. No lado da Coréia do Sul, o trabalho de remoção de minas e colocação de trilhos já está quase completo. Já a Coréia do Norte parou as obras no mês passado, por discordar dos procedimentos da comissão da ONU (Organização das Nações Unidas), chefiada por norte-americanos, que fiscaliza o trabalho.

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