Reuters
22/01/2003 - 16h37

Agricultor iraquiano quer processar inspetores da ONU por danos

da Reuters, em Bagdá (Iraque)

Um agricultor iraquiano disse hoje que vai processar os inspetores da ONU (Organização das Nações Unidas) por danos causados a sua propriedade durante uma visita, em busca de armas de destruição em massa.

"Apresentei uma queixa e pedi à ONU que me indenize moral e materialmente e peça desculpas a mim e ao meu governo, como qualquer cidadão reagiria frente a tal comportamento", afirmou Sabah Anwar Mohamad Sheikhly.

Segundo ele, sua plantação de cítricos, que tem grandes galinheiros desativados por causa das sanções da ONU, foi vasculhada por duas vezes nesta semana, com a "ameaça" de mais visitas.

Num sinal da crescente irritação dos iraquianos com as inspeções, Sheikhly disse que os inspetores arrombaram uma porta, quebraram cadeados e vasculharam sua propriedade em busca de armas. A fazenda dele fica numa área de oásis à beira do rio Tigre, ao sul de Bagdá.

Segundo ele, a dureza das inspeções foi uma afronta ao "orgulho nacional" dos iraquianos. "Eles estão me desafiando no meu país e na minha casa. Eles dizem que repetiriam as visitas e que eu seria obrigado a atendê-los", afirmou. Sheikhly disse que só autorizou a entrada das inspeções após consultar as autoridades locais.

"No Ocidente, se você invadir uma propriedade privada haverá cães de guarda latindo e evitando que você entre", afirmou ele durante visita de jornalistas à fazenda.

Ele contou que os inspetores demoliram uma parede que vedava um cômodo, onde velhos equipamentos eram guardados.

"Quiseram criar uma grave crise diplomática por causa desses cadeados enferrujados. O que eles têm a ver com armas químicas e biológicas eu não sei", disse o agricultor, que prometeu tratar os inspetores como ladrões, em caso de nova visita. "Eles não são bem-vindos", disse.

Em cada lugar visitado pelos inspetores, como faculdades, estão começando a surgir protestos, todos autorizados pelo governo. Cientistas do país reclamaram do que consideram táticas de intimidação da ONU.

Apesar de incidentes como esse, na segunda-feira (20) o Iraque firmou um acordo com a ONU prometendo mais ajuda nas inspeções.

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