Reuters
27/01/2003 - 17h37

Acusações de anti-semitismo marcam Dia do Holocausto na França

da Reuters, em Paris

Enquanto judeus espalhados pelo mundo lembravam hoje o Dia do Holocausto, Roger Cukierman, chefe de uma organização que agrupa grupos judeus na França, declarou que seu país tolera uma nova modalidade de anti-semitismo.

Segundo ele, a crescente onda de protestos contra as políticas israelenses suscitou a aceitação de uma espécie de "anti-semitismo politicamente correto", exercido por ambientalistas e esquerdistas que começaram criticando o tratamento que os israelenses dão aos palestinos, mas que acabam embutido em seus comentários visões contrárias aos judeus.

A acusação veio depois de uma universidade francesa ter pedido que suas relações com acadêmicos israelenses fossem rompidas em protesto contra as atitudes de linha dura do primeiro-ministro Ariel Sharon em relação aos palestinos. Uma outra universidade está considerando tomar a mesma atitude.

O fato coincidiu com a publicação de um livro dizendo que os professores em algumas escolas francesas mal conseguem dar aulas a respeito do Holocausto porque são interrompidos por alunos muçulmanos que defendem a idéia de que os nazistas não mataram 6 milhões de judeus.

"A França não é racista nem anti-semita. Mas alguns de nossos conterrâneos da extrema direita e da extrema esquerda o são", disse Cukierman durante o jantar anual de sua organização, a Crif, no sábado (25) à noite.

Protesto

Gilles Lemaire, presidente do Partido Verde, ficou indignado ao ser relacionado com neonazistas e anti-semitas. Tanto que jogou o guardanapo sobre a mesa e retirou-se do jantar em protesto.

Hoje, o Partido Socialista classificou os comentários de Cukierman de "excessivos", e a liga anti-racismo Licra defendeu os verdes e outros esquerdistas da acusação.

Henri Hajdenberg, predecessor de Cukierman na chefia da Crif, tentou amenizar a confusão: "Ele usou uma expressão muito dura, mas não acho que se referia aos verdes", declarou ao jornal "Le Parisien". "Estava falando da bandeira verde dos islamitas radicais".

A França é o país europeu que tem maior número de judeus e de muçulmanos. As tensões entre as duas minorias vêm crescendo à medida que crescem os problemas no Oriente Médio, e devem aumentar ainda mais com a possível deflagração da guerra no Iraque.

A existência de cada vez mais defensores dos palestinos entre os intelectuais e políticos de esquerda, combinada com o crescimento do anti-semitismo entre os jovens de origem norte-africana tem causado preocupação entre os 600 mil judeus que vivem na França.

Este 27 de janeiro marca o 58º aniversário da liberação dos judeus dos campos de concentração controlados pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

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