Reuters
05/03/2003 - 11h21

EUA não podem torturar suposto membro da Al Qaeda, diz Anistia

da Reuters, em Bagram (Afeganistão)

A organização de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional disse hoje que Khalid Sheikh Mohammed, suspeito de ter participado dos ataques de 11 de setembro de 2001, deveria ser julgado segundo o direito internacional e que não deveria ser torturado na busca por informações.

Autoridades paquistanesas disseram que Mohammed, tido como número três da rede Al Qaeda, está provavelmente sendo mantido no Afeganistão pelos EUA. A prisão do acusado foi considerada pelo governo norte-americano a mais importante até hoje da "guerra contra o terror".

Os EUA recusam-se a informar onde Mohammed foi detido. O país disse na segunda-feira (3) estar correndo contra o relógio para extrair informações do acusado a fim de frustrar eventuais planos de ataque contra alvos norte-americanos.



Autoridades dos EUA também afirmaram estar tentando descobrir a localização de Osama bin Laden, líder da Al Qaeda.

"Todas as técnicas apropriadas" e "toda a gama de técnicas de interrogatório permitidas" seriam usadas, disse o país.

Mas a Anistia declarou ter ficado surpresa com as técnicas supostamente usadas pela superpotência para interrogar suspeitos, entre os quais Mohammed.

Segundo o jornal "The Washington Post", os norte-americanos lançavam mão de técnicas de "estresse e de ameaça".

"Apesar das negativas das autoridades dos EUA, o uso da privação sensorial (colocação de capuz), a limitação de movimentos por muito tempo (uso de algemas) e a recusa em prover atendimento médico necessário são todos elementos característicos da tortura", declarou o grupo.

"Essas técnicas como a tortura psicológica estão proibidas pelo direito internacional", diz a organização.

"A Anistia Internacional pede que os responsáveis pelos crimes contra a humanidade cometidos no dia 11 de setembro de 2001 sejam levados a julgamento segundo prevê o direito internacional", disse.

De acordo com o grupo, os responsáveis por tortura e maus-tratos podem ser processados.

O governo norte-americano já foi criticado duramente por manter presas pessoas capturadas durante a "guerra contra o terror" sem reconhecer-lhes o status de prisioneiros de guerra.

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