24/06/2005
Um dia na maior escola estadual de São Paulo
GABRIELA LONGMAN E OCTÁVIO MOTTA FERRAZ
Da equipe de trainees
Gustavo Scatena/Equipe de Trainees |
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A maior escola de São Paulo: Com 8.500 metros quadrados de área construída, a E.E. Brigadeiro Gavião Peixoto ocupa um terreno |
Às 5h30, a zeladora Maria de Fátima Xavier, 48, sai de sua casa, percorre os corredores e abre os portões da Brigadeiro Gavião Peixoto. Começa mais um dia na maior escola estadual de São Paulo. Pelos 8.500 metros quadrados dos prédios da escola (são 14.000 metros quadrados de terreno), passam, em três turnos, 3.600 alunos de ensino fundamental, médio e supletivo.
Numa quinta-feira do mês de junho, a
Folha acompanhou, por um dia, a rotina dos alunos, professores e funcionários da escola, que fica no distrito de Perus (zona norte de São Paulo).
A escola tem laboratório de informática, biblioteca equipada com 10 mil livros e até aparelho de "datashow". A quadra poliesportiva coberta lembra a das melhores escolas particulares.
Mas os banheiros, precários, não têm sequer papel higiênico e a merenda é comida em pé porque faltam cadeiras no refeitório.
A Gavião enfrenta também problemas característicos de boa parte das escolas públicas brasileiras: no dia da visita da Folha, faltaram nove professores do turno matutino. Segundo dados fornecidos pela secretaria da escola, há professores que já faltaram mais de 25 dias desde o início deste ano.
São aproximadamente 150 docentes para as 84 turmas de manhã, tarde e noite. Uma das tarefas mais difíceis é cativar a atenção dos alunos. Um grupo formado por professores de química, física, português, biologia e matemática se reúne todas as sextas-feiras para debater técnicas interdisciplinares para o ensino de suas matérias.
No final do dia, a mesma Maria de Fátima, que ajuda também na preparação das merendas, fecha os portões da escola e solta seus cachorros no pátio. Ela se orgulha de nunca terem roubado nada na escola nos cinco anos em que mora e trabalha lá.
Veja as fotos
Leo Drumond/Equipe de trainee |
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Professores em ação
Os professores de física Jonny Teixeira (dir.), 29, e Luis Augusto Alves, 39, com a professora de português Luciana Cerqueira, 33, no laboratório de física. Eles e outros professores de química, biologia e matemática se encontram todas as sextas-feiras para discutir o projeto de ensino interdisciplinar de ciências.
Teixeira e Alves, que são ex-alunos da Gavião Peixoto, participaram de antigos projetos desenvolvidos por professores da escola: a revitalização da biblioteca e um grupo de estudos para o vestibular. Graças ao grupo de estudos, que funcionou todos os sábados por três anos, ambos passaram na Fuvest e cursaram física na USP, onde Teixeira faz mestrado e Alves doutorado.
Leo Drumond/Equipe de trainee |
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Família na escola
Maria de Fátima Xavier (foto) é zeladora da escola, onde mora e trabalha na preparação da merenda. Seu marido cuida do estacionamento e o cachorro Leão é o "segurança noturno".
Tem duas filhas: Priscila, 22, e Luana, 11 (foto). Priscila, ex-aluna, hoje dá aulas de português na escola e desenvolve projeto de leitura com os estudantes.
Leo Drumond/Equipe de trainees |
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Mudança no visual
A gestão da diretora Nayara Abdalla Teixeira (foto), 40, é elogiada por alunos e professores. Ela guarda fotos da época em que as sumiu o comando da Gavião Peixoto mostrando a escola em condições bastante deterioradas. Para melhorar a aparência das instalações, Nayara organizou um mutirão que envolveu toda a comunidade escolar.