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Novo em Folha 42ª turma
16/08/2007

Compadre de Lula declara à PF que já sabia de grampo

RUBENS VALENTE
ENVIADO ESPECIAL A CAMPO GRANDE

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

Após alerta, Morelli avisou empresário para se cuidar no telefone e procurou petista

Ministério da Justiça diz que cabe à Polícia Federal falar sobre vazamento; assessoria da PF não foi encontrada ontem

Compadre do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dario Morelli Filho, preso na Operação Xeque-Mate, disse em depoimento à Polícia Federal que já sabia da existência de grampo em seu telefone.
Embora não tenha informado a data em que soube, Morelli disse que foi por causa disso que, em 16 de maio, avisou o empresário de bingo Nilton Cezar Servo para tomar cuidado com o que falava no telefone.
Quatro dias depois, segundo as gravações feitas pela PF, seria a vez de Genival Inácio da Silva, o Vavá, irmão de Lula, ser procurado. Um homem identificado como "Roberto", que usava um telefone fixo de São Caetano do Sul (SP) -registrado em nome de uma dona-de-casa que nega conhecer alguém com esse nome- ligou para dizer a Vavá que Lula o esperava para uma reunião reservada em Brasília. Segundo o homem, havia "uma bronca da porra". No endereço do telefone, funciona uma metalúrgica e não haveria Roberto, disse um funcionário.
A Operação Xeque-Mate só seria deflagrada em 4 de junho. Morelli foi preso por suposta sociedade numa casa de máquinas de caça-níqueis ilegais com Servo, amigo de Vavá.
No depoimento à PF, Morelli reconheceu ter sido avisado por um suposto anônimo, que teria ligado para seu telefone celular "em data que não soube precisar". No telefonema, oriundo de um aparelho da região metropolitana de São Paulo, o homem teria dito para Morelli "tomar cuidado", pois ele estava grampeado.
Quando ligou para Servo, Morelli falou que havia "um pepino feio". Marcaram um encontro. À PF, Morelli admitiu que o "pepino" era o grampo.
"Após tomar conhecimento desta informação, como não gostaria de ser preso, resolveu solicitar a Nilton Cezar Servo que não mais ligasse falando sobre bingo, em razão de referido grampo em sua linha telefônica", diz a PF ao relatar o depoimento de Morelli.
No dia seguinte, 17 de maio, Morelli já estava em Brasília, numa reunião com o advogado e ex-deputado federal Sigmaringa Seixas (PT). Os dois se comunicam por telefone, mas não mencionam o conteúdo da reunião. Uma interceptação telefônica da PF associa a viagem à descoberta do grampo pelo suposto informante de Morelli.
Por volta das 22h20 do dia anterior, 16, Servo, que pouco antes fora alertado por Morelli sobre os grampos, telefonou para sua mulher, Maria Dalva Cristina. Em sussurros, contou que Morelli não aparentava ter ficado preocupado com o grampo, embora decidisse ir a Brasília para encontrar o ex-deputado Sigmaringa. Pretendia, segundo Servo, que acompanhou Morelli na viagem, "fazer um escândalo". Servo alegou que os grampos eram "de Brasília".
Depois da descoberta do grampo, a PF interceptou apenas duas conversas entre Servo e Morelli -numa delas Morelli usava o telefone do próprio Servo, numa conversa com o filho do empresário, Servo II.
No dia 31 de maio, nova ligação mostra, segundo a PF, que Servo tentou transferir cinco máquinas caça-níquel de Ilhabela para Campo Grande (MS).
O inquérito não aponta a origem do vazamento de informação que pode ter beneficiado Morelli. O Ministério da Justiça afirmou, por meio de sua assessoria, que cabe à PF fazer comentários; a assessoria da polícia não foi encontrada ontem.
O advogado de Servo, Eldes Rodrigues, disse que o fato de Morelli ter alertado Servo sobre o grampo não caracteriza vazamento. Segundo ele, "há muito tempo" Servo desconfiava de interceptações. O advogado de Morelli, Milton Fernando Talzi, reafirmou o depoimento de seu cliente.

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Colaboraram a Sucursal de Brasília e a Reportagem Local

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