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Novo em Folha 45ª turma
04/07/2008

Cidades médias têm maior crescimento econômico do país

AMARO GRASSI
DA EQUIPE DE TREINAMENTO

Indústria substitui agropecuária e impulsiona a expansão de municípios que têm entre 100 mil e 500 mil habitantes

Crescimento demográfico também é mais acentuado; cidades grandes perdem participação no PIB total, pequenas, na população

As cidades de tamanho médio vêm liderando a expansão da atividade econômica industrial brasileira desde pelo menos o início da década. É o que demonstra um cruzamento de dados recém-concluído pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) para o período compreendido entre 2002 e 2005.
A pesquisa, feita a partir de estatísticas e estimativas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostra que as cidades com entre 100 mil e 500 mil habitantes superam as demais em crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), do PIB per capita e demográfico.

Segundo o Ipea, o PIB nas cidades dentro desse corte cresceu, em média, a uma taxa de 5,27% ao ano, contra 4,63% das grandes e 4,29% das pequenas no período. A desagregação dos índices por setor da economia revela ainda o crescimento do PIB industrial e de serviços em detrimento da atividade agropecuária.

O crescimento econômico tem se dado à custa das cidades com mais de 500 mil habitantes, capitais sobretudo, que perdem participação no total do PIB do Brasil. Mas o aumento populacional cobra o preço nas cidades abaixo dos 100 mil. Os índices não contabilizam os anos de 2006 e 2007, de maior crescimento do país.
Apesar do indício de desconcentração regional, a maioria dos 236 municípios nessa faixa, nos quais vivem 47 milhões de pessoas, ainda está sobretudo na região Sudeste (118 municípios) (veja mapa abaixo), com alta concentração no Estado de São Paulo (64). Logo atrás vêm o Sul (46) e o Nordeste (43).

No entanto alguns dos maiores índices de crescimento demográfico encontram-se nas cidades médias do Norte (16) e do Centro-Oeste (13), áreas de fronteira econômica.

Elos de integração
Para essa pesquisa, o Ipea considerou cidades médias os municípios com população maior do que 100 mil e menor do que 500 mil habitantes. Na prática, contudo, elas podem ser destacadas de acordo com sua função no sistema urbano nacional.

Para Diana Motta, da Diretoria de Estudos Regionais e Urbanos do Ipea, elas se caracterizam por constituir "elos de integração regional". E podem ser de três tipos, diz: as que gravitam em torno de regiões metropolitanas; as que centralizam uma aglomeração de cidades menores; e as isoladas.
Muitas dessas cidades compõem as regiões metropolitanas das principais capitais e, portanto, não significam necessariamente interiorização.
Cidades que são elos de integração, mas que devido a um desenvolvimento mais antigo e consolidado ultrapassaram os 500 mil habitantes, ficam fora desse recorte. Por exemplo, Londrina (PR), Uberlândia (MG) e algumas de São Paulo, todas do segundo tipo.

Segundo o diretor do Departamento de Competitividade e Tecnologia da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), José Roriz, as empresas procuram no interior proximidade do acesso à matéria-prima e do mercado e mão-de-obra especializada. Além disso, "elas saem buscando vantagens fiscais".

Reaglomeração
A interiorização do desenvolvimento econômico é, em certa medida, um fenômeno conhecido desde pelo menos meados da década de 1990. O que a pesquisa do Ipea evidencia é a reaglomeração em cidades intermediárias, isto é, que retêm parte do êxodo do interior e atraem investimentos antes destinados às metrópoles.

Um trabalho do pesquisador do Ipea Lauro Ramos sobre mercado de trabalho, de 2006, por exemplo, mostra o melhor desempenho das áreas urbanas não-metropolitanas em fatores como ocupação, ocupação industrial, desemprego, informalidade e renda de 1992 a 2005.

Há um certo consenso de que a migração econômica para o interior guarda relação estreita com a abertura econômica da década passada, que abriu o país à competição internacional. As melhorias em comunicação e a qualidade dos serviços prestados nas cidades de tamanho médio foram facilitadores.

No Estado de São Paulo, onde o processo teve início e foi mais acelerado, o interior superou a Grande São Paulo em peso industrial em 2004. Para Motta, não é possível fazer uma previsão nesse sentido para todo o país, mas se trata, sem dúvida, de uma tendência.

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