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Sono
04/12/2004

Quem ganha menos tem mais pesadelos, diz pesquisa

24% dos paulistanos com renda até 5 salários mínimos costumam ter esse tipo de sonho

FLÁVIA MANTOVANI
Da equipe de trainees

Dinheiro pode não trazer felicidade, mas a falta dele aumenta a chance de ter pesadelos. De acordo com a pesquisa Datafolha, um em cada quatro paulistanos que ganham até cinco salários mínimos (R$ 1.300) costuma ter esse tipo de sonho.

Entre os mais ricos --com renda superior a dez salários mínimos (R$ 2.600)--, esse índice é de apenas 13%. No caso de pessoas que ganham entre R$ 1.301 e R$ 2.600, a taxa é de 21%.

Segundo médicos especialistas em sono ouvidos pela Folha, a preocupação com itens básicos, como emprego, comida e transporte, explica a maior incidência de pesadelos entre os que têm menor renda.

Os dados mostram que 22% dos paulistanos maiores de 16 anos costumam ter pesadelos. Para a presidente da Sociedade Paulista de Medicina do Sono, Rosana Alves, esse número é elevado e está relacionado ao tipo de vida em uma metrópole. Estresse e medo da violência deixam as pessoas mais alertas, o que favorece o aparecimento de pesadelos.

O contexto econômico e social também pode tornar os pesadelos mais freqüentes, de acordo com o presidente da Sociedade Brasileira do Sono, Sergio Tufik.

Em estudos realizados em 1986 e em 1995, Tufik detectou que um número maior de pessoas têm pesadelos em períodos de instabilidade. "Em 1986, quando o Plano Cruzado tinha ido para o brejo, o número de pessoas com pesadelos chegou a 70%. Na pesquisa de 1995, quando o Plano Real ainda estava dando certo, deu pouco mais de 20%", diz.

Apesar de serem mais freqüentes na infância, pesadelos podem persistir na vida adulta. De acordo com Dirceu Valladares, diretor da Clínica do Sono de Belo Horizonte, indivíduos adultos mais sensíveis são mais propensos a tê-los: "São pessoas mais vulneráveis, mais transparentes e com menos mecanismos de defesa".

Segundo o psiquiatra, o pesadelo é uma forma de o cérebro organizar impressões fortes que vivenciamos e que não conseguimos "digerir" durante o dia.

O tipo de impressão e o impacto que ela causa sobre o indivíduo variam e são de ordem subjetiva. Ver o corpo de alguém assassinado, por exemplo, poderá chocar a maioria das pessoas, mas provavelmente não terá o mesmo efeito sobre um médico legista.

Quando tratar

Ter pesadelos de vez em quando é considerado normal. O problema, segundo Rosana Alves, é quando eles passam a atrapalhar o sono. Dos pacientes que a procuram por esse motivo, a maioria se queixa de pesadelos repetitivos --quando o mesmo sonho aparece durante várias noites. Nesse caso, a origem pode estar na síndrome do estresse pós-traumático, que acomete pessoas que viveram experiências muito chocantes --como guerras, seqüestros ou outros tipos de violência.

A retirada brusca de alguns medicamentos, como os antidepressivos, também pode aumentar a freqüência de pesadelos.

Acompanhamento psicológico e terapia comportamental são algumas saídas para esses casos. Há também remédios que inibem o sono REM (fase em que ocorrem os sonhos) e diminuem a possibilidade de que os pesadelos apareçam, mas eles só são recomendados para os casos mais graves.
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