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Panamá - Canal do Panamá

Alberto Lowe/Reuters
Navio passa pela eclusa de Gatun em direção ao Pacífico no canal do Panamá

TONI SCIARRETTA
Editor de Economia da Folha Online*

Atalho para a Ásia, o Canal do Panamá foi a materialização de um antigo sonho da navegação do mundo ocidental. Ligou os oceanos Atlântico e Pacífico e encurtou distâncias entre o Ocidente e o Extremo Oriente.

O canal tem 80 quilômetros de extensão e é percorrido aproximadamente em oito horas, dependendo do tráfego. Por ele passam anualmente 12 mil navios, cargueiros e também luxuosos transatlânticos, com turistas de todo o mundo. Em suas extremidades ficam a Cidade do Panamá, no Pacífico, e Colón, no Atlântico (Mar do Caribe).

Até a construção do canal, para se navegar da costa leste para a oeste dos EUA era preciso enfrentar mais 15 mil quilômetros, contornando toda a América do Sul e se aventurando pelas águas gélidas do temido Estreito de Magalhães, na Patagônia, extremo sul das Américas.

O Canal do Panamá foi uma obra de engenharia que virou realidade em 1914, após dez anos de trabalho pesado em meio a uma selva fechada, e que custou 20 mil vidas para a febre amarela.

A construção acabou por financiar a independência deste pequeno país centro-americano da Colômbia, que desde então viveu na órbita dos norte-americanos.

História

A primeira tentativa de ligação entre o Atlântico e o Pacífico foi capitaneada pelos franceses em 1878, na esteira do sucesso na construção do Canal de Suez, que liga o Mediterrâneo ao Mar Vermelho.

Para construir o canal, os franceses formaram a Companhia do Canal Interoceânica e recrutaram 15 mil pessoas. O financiamento foi feito com dinheiro da venda de ações na Europa.

Durante dez anos, os franceses abriram com dinamites grandes caminhos entre as montanhas que separavam as duas costas. A idéia original era construir uma passagem no nível do mar, exatamente como haviam feito com sucesso em Suez.

A empreitada, porém, fracassou em 1889, derrotada pelas dificuldades em construir uma via aquática artificial em região montanhosa, pela febre amarela e pela malária, que não tinham cura na época. Pelo menos 20 mil operários morreram.

Elevadores na água

Após a falência da companhia francesa, os EUA compraram por US$ 40 milhões os direitos para a construção do canal.

Os americanos, porém, desistiram de lutar contra as montanhas e decidiram construir eclusas, uma espécie de elevador aquático que eleva e rebaixa o nível da água, para fazer os navios subirem e depois descerem as montanhas.

Para evitar as doenças e saques de grupos indígenas e bandidos, enviaram tropas para ajudar a então província do Panamá a conseguir sua independência da Colômbia.

Investiram também em infra-estrutura sanitária para combater as doenças. Foi nessa época que descobriu-se que a malária e a febre amarela eram transmitidas por mosquitos, o que facilitou o trabalho de combate às enfermidades.

Vencidas as dificuldades, o canal foi construído em dez anos e inaugurado em 1914. Permaneceu em poder dos norte-americanos até 1999, período em que foi administrado por uma agência governamental e protegido pelo Exército dos EUA.

Durante a Segunda Guerra Mundial, o canal serviu de base para os navios norte-americanos que partiam em direção ao Japão. Nessa época, os EUA chegaram a ter cerca de 65 mil soldados na região. Na década de 90, não passavam de 10 mil.

Engenharia

A travessia do Canal do Panamá é feita por três eclusas, onde a água funciona como um elevador. Vindo do Atlântico, por exemplo, o navio entra na comporta com a água no mesmo nível do oceano.

Os portões são fechados e as válvulas de enchimento abertas. A água entra através de poços do piso, elevando o navio 26 metros, até o nível do Lago de Gatun. As válvulas são fechadas e os portões superiores abertos.

O navio sai da comporta para o lago e segue para as outras comportas, onde acontece o processo inverso de descida até o nível do Oceano Pacífico.

A presença dos EUA no Panamá

Os 85 anos da presença norte-americana deixou ao Panamá muito mais que o Canal.

Junto com o Canal, os panamenhos herdaram em 1999 uma completa infra-estrutura de ferrovia, rodovias, duas hidrelétricas, uma base aérea, e mesmo vilas militares, que mais tarde se transformaram em hotéis de alto padrão.

Visitar o Canal é quase uma obrigação. Além de um museu que conta a história de sua construção, há passeios de barcos, com cinco horas de duração, saindo de Balboa ou Gatun, no Atlântico, ou de Miraflores-San Miguel, no Pacífico, até o Lago Miraflores.

* O jornalista Toni Sciarretta viajou ao Panamá a convite da Copa Airlines e da Zona Livre de Colón.

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