São Paulo, sábado, 20 de dezembro de 2008

BATE-PAPO

Como é seu nome de batismo?
Nicolau. Meus pais me chamavam de Nico.

Você fazia algum esporte na infância?
Gordinho como sou, adorava sumô. Mas eu não conseguia ganhar nenhuma luta porque não suportava a cara amarrada e deprimida de meus adversários e entregava os pontos ao final.

Como você consegue passar na casa de todo mundo numa única noite?
É fácil, enquanto é noite no Japão, é dia no Brasil. O fuso horário me ajuda a chegar a tempo em diferentes lugares para entregar os presentes. E as renas podem andar a 8.000 quilômetros por hora.

Nossa, como são rápidas, nenhum avião consegue essa velocidade... São nove renas? O que elas comem?
Sim, são nove renas: Rudolph, Dasher, Dancer, Prancer, Vixen, Comet, Cupid, Donner e Blitzen. Elas comem sucrilhos com banana e leite. E uma folhinha de hortelã, para não ficar com bafo.

Já esqueceu alguém sem presente?
Sim, já me esqueci de me entregar presente. Ninguém se lembra de dar presente ao próprio Papai Noel, pensam que ele não precisa. Eu gostaria de ser lembrado com um cartãozinho.

Que triste...O que gostaria de ganhar?
Comer de novo o peru recheado de minha mãe. A melhor comida é de mãe. Além disso, gostaria que as pessoas não deixassem todo o trabalho para mim. Pudessem se ajudar ao longo do ano. Se não usa mais um brinquedo, passe adiante para outra criança.

Como você está reagindo à crise financeira? Dificuldade para fabricar brinquedos?
Já foi mais fácil; agora está um pouco difícil. Medo de que se repita o crack da bolsa de 1929. Naquela época, deixei de dar brinquedos para garantir pão, arroz, farinha e leite para as famílias. Não se pensava em brincar, apenas em encher o estômago. Com uma possível ausência de recursos, minha saída de emergência é um hospital de brinquedos velhos que abri ao lado de minha casa, no pólo Norte. O médico dos brinquedos é o senhor Hopeful. Recolho todos os brinquedos jogados fora e inutilizados no primeiro semestre e levo para a restauração. A Unidade de Tratamento Intensivo da Alegria (Utia) está sempre cheia. Recuperados, são novos. Mais novos do que os novos porque receberam amor na hora do conserto.

Você gosta de ler as cartas dos pequenos?
Amo. As crianças têm letra bonita, caprichada. Não sofrem de pressa como os adultos, que rabiscam aquele garrancho horrível. Do jeito feio que escreve, adulto parece que não quer ser entendido.

Para receber Natal, a criança necessita estar comportada?
Sim, cuidar do ambiente, não bater no irmãozinho mais novo, escovar os dentes e - principalmente - não se atirar no chão de um mercado chorando e esperneando para pedir alguma coisa.

O que você diz para a criança que não recebe o que desejava?
Tento dar o que a criança precisa. Às vezes, não é o que ela desejava. Às vezes, é. Dar um presente é dar o que você mais gosta para alguém que ama, não é dar o que ela espera.

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