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Urso, elefante, leão, tigre
Os animais que trabalham no circo
são cavalo, pônei, elefante, macaco
(chimpanzé e orangotango), cachorro, leão, tigre, urso, lhama, dromedário, hipopótamo, pombo e foca.
No circo do Nordeste, a reportagem
assistiu a shows com bode e ouviu as
pessoas contando sobre os números
com galinha.
Rivanir, 19, do Circo Arizona (BA),
contou, fazendo graça, que "é só botar a galinha dentro de uma panela
quente que ela sai dançando."
No Magic Show (SP), a domadora
Brenda Lee trouxe à cena suas pombas amestradas. Um carrossel de
pombas. Uma ave andou de bicicleta.
Brenda também se apresentou com a
elefanta Semba, que tem 32 anos e
pesa cinco toneladas. Semba tocou
gaita e cumprimentou a platéia.
O adestrador Iuri, que também é
equilibrista e trapezista, exibiu seus
cachorros amestrados. Fazer cachorros parecerem humanos foi a graça
da atração. Alguns puddles saltaram
em argolas e por cima de obstáculos.
Um cão andou nas patas dianteiras.
Um outro conduziu um carrinho de
boneca e outro cão se fingiu de morto. Vários cachorros dançaram ao
som de canção dos Mamonas Assassinas. Uma cadela e um cão dançaram vestidos de noivos.
Os animais sofrem no circo? Alice
Viveiros de Castro acha "burrice" o
artista circense maltratar seus animais. É como ter um bicho de estimação em casa. "Dona Carola, do circo
Garcia, é quem mais ajuda o macaco
chimpanzé a se reproduzir no Brasil", diz Alice.
Ela explica que o artista circense espalhou pelo mundo o conhecimento
sobre os animais selvagens. "A origem da doma vem do Egito. O livro
"O Circo no Brasil" conta que,
quando os generais ganhavam uma
batalha, treinavam os animais e desfilavam com eles para mostrar até
onde seu poder tinha ido".
Alice conta que, além da doma, os
circenses ensinaram a lidar com ursos e leões. "O circo sabia que comida oferecer, como colocar o animal
na jaula. Os circenses foram os primeiros psicólogos e veterinários de
animais de grande porte. Era comum
os circos antigos serem chamados de Circo Zoológico".
Mas continua sendo necessária a fiscalização do Ibama
(Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), para os
animais ficarem protegidos e
para não haver compra ilegal.
Todo circo deve ter, ainda
um veterinário responsável.
O domador Edmar Portugal, do Circo Bremer e irmão
de Edson Portugal, do Astor,
premia o urso do Bremer
com balas quando ele acerta
os números. "Às vezes, o domador mostra o chicote, para
o animal respeitar e, na hora
do show, não ficar brincando. Se eu não entrar com a
varinha, o urso me derruba."
Beto Pinheiro, diretor do
Circo de Napoli (SP), explica
que o chimpanzé Nino, 10, é
o mais difícil animal para trabalhar. O Macaquinho Inteligente, faz parada de cabeça,
anda na corda bamba e tira a
roupa. A macaca Mônica, do
Bremer, toma cerveja, anda
de bicicleta e de patinete.
O urso Winkie, do Bremer,
dança, equilibra-se no cilindro, toca pistom e brinca de
escorregar. Fofa e Pupi, do
Circo de Napoli, são um casal
de ursos siberianos que se
apresentou de focinheira no
Circo de Napoli. A ursa estava de laço de fita, dançava
valsa e tomava mamadeira.
No Circo Bremer, um caubói e um cavalo bêbados se
apresentam assim também.
O cavalo bebe cachaça (de
mentirinha) na garrafa do
caubói. As exibições com cavalos mostram as façanhas
dos cavaleiros, que dão saltos
mortais e se equilibram no
lombo do animal. O cavalo
do Bremer responde sim e
não com movimentos da cabeça e se ajoelha.
O macaco Jungle do Bremer faz parada de mão e fuma. O chimpanzé dá saltos
olímpicos e dança ao som de
"Segura o Tchã", além de
dar uma volta de moto pelo
picadeiro.
Brenda Lee, a domadora
É difícil viver cada mês em
um lugar? Não para a pessoa
que nasce, é criada e aprende
uma profissão dentro do circo. É o caso de Brenda Lee Estevanoviche, 38, que nasceu
em Porto Alegre, tem mãe argentina, e o pai descende de
iugoslavo, ambos do circo.
"Adoro o circo. Vou a Porto
Alegre, e logo dá vontade de
voltar, é pegar a correspondência e partir." Brenda disse que estudou veterinária.
"Mas, no fim-de-semana, eu
corria para o circo."
Brenda diz que sempre trabalhou com animais: tigre,
urso, leão, chimpanzé, elefante. Ela aprendeu a profissão com o primo, Osvaldo
Estevanoviche. Aos 6 anos,
Brenda "andava agarrada no
meio das calças dele. Eu ia no
meio do hipopótamo, do elefante, fui me entrosando de
um jeito que descobri o comportamento dos animais. Sei
quando eles têm dor de ouvido, têm gripe."
(Mônica Rodrigues Costa)
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