Crianças
São Paulo, sábado, 23 de maio de 1998

Circo leva saúde e alegria

O Projeto Saúde e Alegria é uma ONG (Organização Não-Governamental) que vai para as comunidades ribeirinhas ajudar a resolver os problemas. Elas vivem à beira dos rios Tapajós, Amazonas e Arapiuns. A coordenação é dos irmãos Eugênio e Caetano Scannavino.
O Saúde e Alegria faz atividades de circo, jornal, rádio e TV e alguns outros núcleos de atividades. A TV Mexe com Tudo é coordenada por Trindade Costa, 26, que ensina a adolescentes a fazer reportagens e documentários. A Folhinha observou jovens prepararem vídeo sobre as plantações em Aninduba. Eles fazem uma reportagem em dois dias.
O Saúde e Alegria passa uma semana em cada comunidade, treinando as pessoas nas atividades, e volta alguns meses depois para ver o que aconteceu de bom. Quando a Folhinha foi conhecê-lo, navegou de barco de Santarém a Aninduba. Marcos Mota, 26, instalou a rádio Mocorongo, que tocou músicas e avisava de tempos em tempos sobre os shows do circo que haveria na noite seguinte.
Quando chega a uma comunidade, o Saúde e Alegria ensina que todo mundo precisa beber água com cloro. Depois, os técnicos descobrem quais são as crianças desnutridas e pedem para um grupo de mulheres da comunidade cuidar delas.
As mulheres passam para as mães a receita de combate à desnutrição, como um mingau com vários tipos de farinha e caldo verde. Esses alimentos, junto com a mandioca e o peixe -que todo mundo come por lá- completam a alimentação.
Caetano explica que, "antes de o Saúde e Alegria existir, havia filas para consultar o médico. Agora o médico vai à comunidade para supervisionar e cuidar de problemas de emergência. O projeto descobriu que a maioria das doenças vinha da água, que não era tratada".
Circo O Circo Mocorongo mistura atrações do circo com lendas indígenas, esquetes sobre saúde e agricultura. Ali, muita gente descende de famílias indígenas. Crianças e adultos das comunidades viram artistas à noite.
O nome do circo é "mocorongo" porque é assim que são chamadas as pessoas que nascem nessas localidades. A palavra significa "caipira".
Os adolescentes apresentam números de saúde, explicando à platéia o que é camisinha e por que é importante fazer exames médicos na gravidez. Há números de cantores e danças com casais, mulher com mulher, homem com homem. O público ri.
Os ensaios Quando a Folhinha viu o ensaio do circo Mocorongo, as crianças preparavam um teatro com a lenda "O Nascimento da Noite". Flávia de Andrade, 10, disse que iria ser índia.
Seu irmão, Francinei, contou que o que ele mais gosta no Saúde e Alegria é de brincar "de bola, cabo-de-guerra, bandeirinha, e de circo". Francinei contou que, quando não está fazendo as brincadeiras do circo, "capina a roça". Mas, no dia que não está com vontade de trabalhar ele diz aos pais "que não quer".
Um cantador Antônio, 27, mora em Aninduba e faz músicas que são tocadas na rádio Mocorongo. Ele trabalha no circo com sua banda. Anima os espetáculos tocando canções suas e de outros compositores. "Faço a letra e eu mesmo componho. Faço vinhetas pra rádio Mocorongo." Uma das vinhetas fala das queimadas e outra delas trata da importância da amamentação. (Mônica Rodrigues Costa)

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