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Minissérie Canarinho azul POR JOSÉ ROBERTO TORERO
Estocolmo, 29 de julho de 1958
Lembra quando eu te falei que ia
para o Rio de Janeiro? Pois é, eu
fui. E lembra quando eu falei que
meu tio Jiló era roupeiro da seleção? Pois é, era.
Para a Suécia, Minhoca!
Eu nunca tinha voado antes e passei medo no começo.
Quando a gente desembarcou, tomei um susto: na Suécia só
tem loiro. Sabe o Zé Albino, aquele que vende pirulito?
Todo mundo é igual a ele.
Bom, deixa eu contar dos jogos. Primeiro o Brasil jogou contra a Áustria: 3 a 0
fácil. Depois veio a Inglaterra: 0 a 0. Jogamos muito e vencemos a União Soviética por 2 a 0. Depois pegamos um país que eu nem sabia que era país: o País de Gales. A coisa mais difícil do mundo era fazer gol neles, mas o Pelé é arretado. Lá uma hora ele deu um drible no beque e chutou de mansinho para fazer 1 a 0. A semifinal foi contra a França. Parecia que ia ser difícil, mas no fim não foi. 5 a 2.
A decisão acabou sendo contra a Suécia. Você sabia, Minhoca, que a camisa da
Suécia é amarela que nem a do Brasil? Pois é, é.
O pessoal estava em dúvida sobre que cor usar, até que o Garrincha falou:
"Vamos jogar de azul em homenagem ao Azulão!".
Quando eu chegar, conto tudo com mais calma. Um abraço do seu amigo Azulão. União Soviética = atual Rússia e Ucrânia, entre outros países.
AUTORES
FLÁVIA OCARANZA é artista plástica, formada pela Escola de Comunicações e
Artes da Universidade de São Paulo. |
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