São Paulo, sábado, 28 de junho de 2008

Entre muros

Em condomínios residenciais, crianças levam vida de cidade de interior; especialistas comentam até que ponto isso é bom

ANALICE BONATTO
GISELE CICHINELLI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Imagina poder montar um jogo de tabuleiro bem no meio da rua e reunir os amigos para jogar. Parece estranho e até perigoso, né?
Mas é assim que Ana Beatriz Guimarães Moraes, 11, costuma brincar com a sua turma. E os carros nunca perturbam a menina. É que, na rua da casa dela, em Alphaville, Barueri, na Grande São Paulo, é raro passar um automóvel. "Só passa o carro do vigia, mas, mesmo assim, ele desvia da gente."
Ela é uma das muitas crianças que nascem e crescem em condomínios e loteamentos fechados, que são conjuntos de prédios ou de casas em locais murados. Esse tipo de moradia é cada vez mais comum em cidades grandes.
Tão comum que hoje dá até para dizer que existe uma geração condomínio.
Ana Beatriz diz que morar em uma casa dentro de um condomínio é bem diferente de morar em uma casa na "cidade". Ela viveu até os cinco anos na Vila Madalena, zona oeste de São Paulo, mas não sente falta de lá.
"Quando estou entediada posso sair e dar uma volta de bicicleta. Lá, não", conta. "Aqui, faço coisas que na cidade eu não conseguiria fazer", completa a menina, que até anda a cavalo dentro do condomínio onde mora.

Jeito de interior
Também faz parte dessa turma Luiza Ferreira Rosa Costa Neves, 10, que mora numa casa onde as portas ficam sempre abertas. Só o portão fica fechado para a cachorrinha Lili não fugir do loteamento fechado, em Barueri, onde vive.
Outra moradora de condomínio com jeitão de cidade de interior é Amanda Raposo Martins, 11, que diz aproveitar as brincadeiras ao ar livre no local.
Em frente à casa da menina, tem até uma árvore com uma balança pendurada. "Foi meu pai quem a colocou na porta de casa. Ficou muito legal", diz a menina, que é lateral-direita do time de futebol de lugar.

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