São Paulo, sábado, 28 de outubro de 2006

Poema

MEU FILHO COMIGO
Por Fabrício Carpinejar

Meu filho, não terminamos
de conversar mesmo dormindo.
Nossas tosses continuam o assunto.

Uma responde à outra.
Uma completa a outra.
São tosses educadas,

que não ofendem a noite.
Somos tremendamente
felizes na doença.

MINHA FILHA SEM MIM

Minhas mãos não são mãos.
Mas pente, quando ajeito teu cabelo
no portão da escola. Mas relógio,

a controlar tuas refeições.
Mas faca, a fatiar o pão na mesa.
Mas gancho, a segurar teu casaco

para que corra no parque. Pai troca
as mãos pelos pés de propósito,
sempre atrasado em comparação com a mãe.

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