São Paulo, sábado, 1 de janeiro de 1994 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Fisiologistas esquecem a rivalidade e criam grupo
MARCELO DAMATO
Os quatro são professores da Escola Paulista de Medicina (EPM), instituição federal que oferece um dos cursos de medicina mais famosos do país. Lotufo, Zogaib e Leite de Barros também são sócios num serviço de consultoria em fisiologia do exercício em duas das mais modernas academias da cidade de São Paulo, a Physis, criada em 1990, e a Fórmula, inaugurada em 1993. Piçarro e Leite de Barros são cunhados –este é casado com a irmã daquele. Além disso, são todos amigos. "Os nossos métodos de trabalho são quase iguais, usamos os mesmos programas de computador, mas, é claro, ninguém conta para o outro os resultados do seu trabalho. Aí, é cada um por si", explica Renato Lotufo, o "calouro" do grupo. Lotufo "estreou" no Corinthians em março, dentro do projeto de modernização do departamento de futebol implantado pela diretoria recém-eleita. Leite de Barros é uma espécie de líder do grupo. Foi o primeiro a se especializar em fisiologia do exercício, a área que estuda a influência dos exercícios sobre a atividade cárdio-respiratória e muscular. Também foi o primeiro a ser contratado por um clube. Foi para o São Paulo em 1986, quando o técnico era Cilinho. Zogaib e Piçarro estrearam em fevereiro no Palmeiras. Turíbio Leite, Zogaib e Lotufo fazem nas duas academias o mesmo trabalho que realizam no São Paulo, Palmeiras e Corinthians. Entre seus clientes, estão ou estiveram times inteiros de futebol, vôlei e basquete, automobilistas e tenistas de ponta, entre outros. Ivan Piçarro foi o único que não abandonou a pesquisa acadêmica. Ele é o chefe do laboratório de Fisiologia do Exercício Experimental da EPM. Ele faz com animais, especialmente ratos, testes físicos que podem no futuro servir de base para ampliar o conhecimento em seres humanos, atletas ou não. O início do trabalho do grupo começou em 1976, com o próprio São Paulo. No ano seguinte, Ivan Piçarro defendeu uma tese de mestrado, orientado por Leite de Barros, com base nesse trabalho com os jogadores são-paulinos. Na Escola Paulista de Medicina, o grupo fez trabalhos pioneiros no futebol. O Projeto Bolívia, idealizado pelo São Paulo para jogar na Taça Libertadores da América do ano passado, teve como semente um trabalho de adaptação à altitude coordenado pelo próprio Turíbio na EPM. O cliente era uma equipe treinada por Telê Santana, hoje no São Paulo: a seleção brasileira que ia disputar a Copa do Mundo do México, em 1986. Um dos objetivos desse projeto era ver como cada jogador da seleção se comportaria com a sensação de falta de ar que eles enfrentariam na Cidade do México, a mais de 2.000 m de altitude. No teste de São Paulo, a solução foi criar uma mistura mais pobre em oxigênio –o nitrogênio, por ser inerte, não é "percebido" pelo aparelho respiratório humano. Um dos "cobaias" do projeto foi Zogaib. "É, na época eu era aluno de pós-graduação", diz brincando. Texto Anterior: Mil Milhas Próximo Texto: Centro não deve ajudar só atletas Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |