São Paulo, domingo, 2 de janeiro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Brasil não terá hiper nem estabilidade

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

Em 1994, o Brasil não conseguirá acabar com a inflação, mas também não cairá na hiperinflação. Embora a maioria dos economistas e consultores considere o Plano FHC "consistente", palavra que no jargão deles significa bom, viável ou positivo, uma mesma maioria acha que as condições políticas bloqueiam sua aplicação completa. Como cenário mais provável, resultará assim um meio plano, que impedirá a explosão inflacionária e a ruptura política, mas não impedirá que a inflação chegue no final de 1994 em nível semelhante ao de 1993.
O combate final à inflação ficaria assim para o presidente a ser eleito neste ano, segundo uma opinião bastante disseminada. O economista Francisco Lopes é um dos poucos que discorda. Para ele, ou o programa de estabilzação começa já, concluindo-se em meados de 1995, por um presidente que siga o caminho aberto neste governo, ou o Brasil só conseguirá domar a inflação no início do ano 2000.
Para avaliar as perspectivas deste ano, a Folha ouviu economistas e consultores que têm entre seus clientes muitas das principais empresas brasileiras. Todos trabalham com três cenários: o provável, o otimista e o pessimista. De uma ponta a outra, as variações são imensas e refletem a instabilidade de uma economia em inflação crônica e alta.
Para a taxa de inflação de dezembro de 1994, por exemplo, as previsões variam de civilizados 2% para explosivos 150%.
Mas há algumas opiniões dominantes. A maioria dos consultores acha que, apesar da instabilidade, não haverá recessão em 1994. Espera-se um crescimento inferior aos 4,5% de 1993.
Os chamados ativos reais (ações na bolsa e imóveis, principalmente, e dólar) deverão ser bastante procurados em qualquer circunstância. Se ocorrer o cenário otimista e o Plano FHC der certo, a economia deslancha e aqueles ativos serão bom investimento. Se der tudo errado, em meio a grande instabilidade, os mesmos ativos serão um porto seguro.
A seguir, os cenários desenhados por três das principais consultorias em atividade no país.

Texto Anterior: Lula ganha o segundo turno contra todos
Próximo Texto: Política bloqueia o plano
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.