São Paulo, domingo, 2 de janeiro de 1994
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Balanço de ano novo

JUNIA NOGUEIRA DE SÁ

Este ano começa prometendo ainda mais trabalho para a ombudsman e para o leitor: a CPI do Orçamento ainda não acabou e as campanhas eleitorais já ensaiam para tomar as ruas. Num ano como este, em que o Brasil vai de novo às urnas para escolher até seu presidente da República –com a esperança de não ter de defenestrá-lo logo depois–, a imprensa tem muito o que fazer, e fazer direito. Essa vigilância, leitor, é tarefa que vamos desempenhar juntos.
No ano passado, sem eleição nem campanha e com uma CPI do Orçamento que só vingou no último trimestre, os dois ombudsmen da Folha (Mario Vitor Santos terminou seu mandato em setembro) fizeram nada menos que 4.376 contatos com leitores do jornal. Na maioria das vezes, para ouvir reclamações, protestos e queixas contra a Folha. Não é nada fácil trabalhar às voltas com a insatisfação alheia. Mas é necessário abrir espaço para essa insatisfação, de maneira a revertê-la em benefício dos próprios leitores.
Do que andou reclamando o leitor da Folha no ano passado? Em primeiro lugar, das editorias mais lidas do jornal: o caderno Brasil (276), Esporte (269), Ilustrada (261) e Cotidiano (235). Os números, bastante equilibrados, permitem ver que nenhuma delas pode ser considerada a pior editoria do jornal, ou a que mais erra. Ocorre que são as mais lidas, e onde as notícias tocam diretamente no dia-a-dia dos leitores.
Boa parte dos telefonemas e cartas que contêm críticas a essas editorias revelam que elas são as primeiras que o leitor consulta assim que abre seu jornal. Não espanta que ele acione a ombudsman todas as vezes que encontra nelas falhas, erros, imperfeições. Essas são as editorias que garantem munição para entender como e por que razão as coisas acontecem. Manobras políticas, planos econômicos, campeonato de futebol, o filme em cartaz, o buraco da esquina, essas coisas que modificam o cotidiano das pessoas passam por aquelas páginas. São as que leio com mais atenção e critico com mais apuro, porque sei que são as mais fundamentais para o leitor.
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Outro foco de reclamações tem sido o Painel do Leitor (196). Há leitores inconformados com a transformação desse espaço no que um interlocutor constante da ombudsman chamou de "painel do direito de resposta". É que boa parte das cartas abrigadas ali são mesmo de autoridades, empresas ou notáveis envolvidos em alguma pendência com o jornal, que acaba emprestando a eles um espaço originalmente destinado ao leitor para a publicação de suas contestações.
A situação está longe de ser a ideal, e a própria Redação tem reconhecido isso. Temo pelo que possa acontecer num ano eleitoral, em que candidatos e candidatos a candidatos, mais seus assessores e simpatizantes tenderão a responder até vírgulas de reportagens publicadas na imprensa. Internamente, tenho insistido na necessidade de garantir ao leitor seu espaço no Painel do Leitor, enquanto outras cartas e respostas poderiam ser publicadas em espaço próprio para isso. Não será uma tarefa fácil, mas estou nessa briga e vou até o fim, na defesa de um direito do leitor –o de ver sua opinião publicada num canto que o jornal franqueou a ele.
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As estatísticas revelam ainda que o leitor da Folha tem sido condescendente com os erros do jornal. Ao longo do ano, apenas 440 deles se ocuparam de apontar erros de acabamento (34), de grafi

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