São Paulo, domingo, 2 de janeiro de 1994
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Um forte crescimento da indústria em 93

DA "AGÊNCIA DINHEIRO VIVO"

A indústria brasileira de transformação teve um crescimento de 9,5% no período de um ano, compreendido entre dezembro de 92 e dezembro de 93. Este aumento espantoso na atividade industrial foi impulsionado pela recuperação da renda, emprego, poupança privada e pelas exportações, mas também pode ser atribuído ao fato de a base de comparação, 92, ter sido um ano de baixa atividade industrial.
Mas o que é bom parece que vai durar pouco. Já existem alguns indicadores, levantados pelo "Dinheiro Vivo-Leading", publicação via fax da "Agência Dinheiro Vivo", de que poderá ocorrer um esgotamento da recuperação da indústria de transformação em fevereiro ou março de 94.
Entre as causas para atrapalhar o crescimento registrado no último ano estão: 1) a inflação ascendente, que corrói a renda; 2) a menor oferta de empregos; 3) as exportações, que não estão com o mesmo desempenho de antes, principalmente as da indústria automobilística.
Some-se a estes fatores negativos o cenário político, com o Congresso Nacional tendo uma pauta abarrotada: CPI do Orçamento, ajuste fiscal, aprovação do Orçamento de 94 e revisão constitucional.
Para o comércio, o quadro é um pouco diferente do da indústria em relação a 93, porém para o início de 94 as tendências para os dois setores são as mesmas.
Na área de bens duráveis, o crescimento das vendas no período de 12 meses pode ter chegado a 3,5%, mas esta recuperação pode se esgotar no final do primeiro trimestre deste ano.
Já o setor de bens não-duráveis, no acumulado de dezembro de 92 a dezembro de 93, deve registrar queda de 8,6%, como resultado da redução do poder aquisitivo da população brasileira. Embora os preços dos alimentos tenham crescido abaixo da média nos últimos 12 meses (segundo dados da Fipe), boa parte da renda deve ter sido absorvida por outros itens, que tiveram seus preços elevados acima da média: transportes, vestuário e saúde.
Ainda é necessário saber quais serão os possíveis efeitos do plano de estabilização econômica do ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, para o comércio.
Aparentemente, os efeitos são no sentido de conter o consumo: acelera inicialmente os preços pelas expectativas criadas, reduz a renda do setor privado, elimina o ganho inflacionário permitido aos salários mais elevados –protegidos pela indexação–, que são a principal força de compra dos bens duráveis.

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