São Paulo, domingo, 2 de janeiro de 1994
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Medeiros termina a prova e se promove

Sindicalista faz o tempo de 1h41

BOB FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

O sindicalista Luiz Antônio de Medeiros correu a São Silvestre em busca de resultados. E chegou lá. Com uma ponte de safena e uma mamária implantadas há um ano e meio, fez o trajeto em 1h41 –58 minutos atrás do vencedor. Na chegada do ano em que disputará uma vaga no Senado pelo PP-SP, deu mais de duas dezenas de entrevistas, posou para fotos, e deixou 1993 nas emissoras de rádio e TV.
Homem que busca resultados, Medeiros armou um intrincado esquema para correr. Uma ambulância-UTI do Unicor, um cardiologista, dois enfermeiros e uma professora de educação física motinoraram todos os passos do presidente da Força Sindical. A ambulância fez todo o percurso por caminhos paralelos e Regina Lombardi, a professora, correu ao lado de Medeiros com um telefone celular.
José Artur Zuccari, coordenador de eventos do Unicor, Adriano Mendes, o cardiologista, Francisco de Assis, enfermeiro, e José Carlos Costa, enfermeiro particular, acompanharam a São Silvestre de dentro da ambulância. As 17h10, o primeiro contato pelo celular. "Como está?", indaga Zuccari sentado no banco dianteiro da ambulância. "Estamos tocando para o cemitério", respondeu Regina, a acompanhante do safenado. "OK, estamos no fundo do cemitério da Consolação", encerrou Zuccari.
Para disputar a prova de 15 km, Medeiros fez sacrifícios. Perdeu, em um ano de corridas diárias no parque do Ibirapuera, 25 dos 105 kg que pesava. Dispensou a carne vermelha, doces, quatro maços diários de cigarrros e agarrou-se às frutas, verduras, peixe e frango. Luciana, a namorada, foi despachada para a Praia Grande dois dias antes da prova. "A recomendação era para eu suspender sexo 48 horas antes", explicou.
Na largada, o coração de Medeiros estava a 57 batidas por minuto. Na praça da República, estabilizou-se no ritmo que manteria até a subida da Brigadeiro Luis Antonio, 120 batidas. Chegou a 128 em frente ao teatro Bandeirantes. Com "Porca Miséria" em cartaz. A frente de Medeiros, correm pelotões heterodoxos. Dois garçons, trajados a rigor, com bandejas e cerveja. Um Papai Noel e "Jane Figura", metido em uma fantasia de Tartaruga Ninja.
A ambulância ficou à disposição por mais de três horas. Se fosse paga, a conta seria superior a CR$ 50 mil. " Ele é nosso paciente, temos um alto retorno de mídia, um contato político importante, não cobramos", diz Zuccari. Regina, a professora, conta que é paga por Medeiros para treiná-lo diariamente das 6h30 às 8h. No calção e na camiseta, Medeiros faz propaganda para a academia Ginastic Center, onde faz peso e esteira uma vez por semana.
Fim da prova. Médicos e enfermeiros cercam Medeiros. Pressão de 13 por 8. "Cheguei bonito", diz, enquanto Regina está ofegante. O sindicalista toma um banho e entra num avião. Para o Reveillon no Rio.

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