São Paulo, domingo, 2 de janeiro de 1994 |
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Partido recuou da proposta de separatismo
HUMBERTO SACCOMANDI
A Liga descrita pelo senador Gianfranco Miglio à Folha se aproxima muito das idéias ultraliberais da chamada escola econômica austríaca. Os principais pontos são o fim do Estado assistencial e da intervenção estatal na economia e a descentralização. Isso lembra a política praticada no início dos anos 80 pela então primeira-ministra britânica Margaret Thatcher. O thatcherismo, que vingou em quase toda a Europa, não teve adeptos na Itália. Mas a versão da Liga é caracterizada também pelo populismo, com ataques aos italianos do sul enimigrantes e defesa da evasão fiscal e da desobediência civil. Os críticos acusam a Liga de racismo e xenofobia. Vários dirigentes "leghistas" fizeram declarações pejorativas em relação a sulistas e imigrantes. O federalismo seria apenas uma forma de mascarar o segregacionismo. Postos de trabalho e benefícios sociais no norte, a parte mais rica do país, seriam reservados às pessoas nascidas na região. A Liga se beneficiou nos últimos dois anos do escândalo "Tangentopoli", que envolveu os principais partidos tradicionais. Os italianos premiaram quem não foi envolvido: os ex-comunistas do PDS, os neofascistas do MSI, a Liga e a Rede (partido anti-Máfia da Sicília). A Liga ganhou os votos que abandonaram a Democracia Cristã e o PS. Embora derrotada nas eleições municipais, a Liga foi o partido mais votado, já que seus adversários concorriam em alianças. Ela pode se tornar o maior partido da Itália nas eleições parlamentares de março ou abril. (HuSa) Texto Anterior: Liga Norte quer recriar Estado italiano Próximo Texto: Da Redação Índice |
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