São Paulo, domingo, 2 de janeiro de 1994
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Partido recuou da proposta de separatismo

HUMBERTO SACCOMANDI
DO ENVIADO ESPECIAL

A Liga Norte foi formada em 1991 com a fusão de vários partidos regionais do norte da Itália, como a Liga Lombarda, a Liga Vêneta etc. Inicialmente a Liga defendia o separatismo e a criação da República do Norte. Hoje, contenta-se com federalismo e autonomia em relação a Roma. Seu líder é o senador Umberto Bossi.
A Liga descrita pelo senador Gianfranco Miglio à Folha se aproxima muito das idéias ultraliberais da chamada escola econômica austríaca. Os principais pontos são o fim do Estado assistencial e da intervenção estatal na economia e a descentralização.
Isso lembra a política praticada no início dos anos 80 pela então primeira-ministra britânica Margaret Thatcher. O thatcherismo, que vingou em quase toda a Europa, não teve adeptos na Itália. Mas a versão da Liga é caracterizada também pelo populismo, com ataques aos italianos do sul enimigrantes e defesa da evasão fiscal e da desobediência civil.
Os críticos acusam a Liga de racismo e xenofobia. Vários dirigentes "leghistas" fizeram declarações pejorativas em relação a sulistas e imigrantes. O federalismo seria apenas uma forma de mascarar o segregacionismo. Postos de trabalho e benefícios sociais no norte, a parte mais rica do país, seriam reservados às pessoas nascidas na região.
A Liga se beneficiou nos últimos dois anos do escândalo "Tangentopoli", que envolveu os principais partidos tradicionais. Os italianos premiaram quem não foi envolvido: os ex-comunistas do PDS, os neofascistas do MSI, a Liga e a Rede (partido anti-Máfia da Sicília). A Liga ganhou os votos que abandonaram a Democracia Cristã e o PS.
Embora derrotada nas eleições municipais, a Liga foi o partido mais votado, já que seus adversários concorriam em alianças. Ela pode se tornar o maior partido da Itália nas eleições parlamentares de março ou abril. (HuSa)

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