São Paulo, terça-feira, 4 de janeiro de 1994
Próximo Texto | Índice

Arujá manda 'chuva-de-ouro" para o Japão

ANA LÚCIA RIBEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Arujá manda 'chuva de ouro' para o Japão
A orquídea, nativa do Brasil, faz parte da pauta de exportações do novo pólo da floricultura paulista
Os produtores de flores de Arujá (35 km a noroeste de São Paulo) querem transformar em fato notório a aptidão florífera da cidade. Contam para isso com a ação da Aflord (Associação dos Floricultores da Região da Via Dutra), fundada há 10 anos com o intuito de reunir os produtores, elevar o nível técnico da produção, melhorar as condições de comercialização no mercado interno e conquistar o mercado externo. A Aflord reúne hoje 80 floricultores, com canteiros instalados entre as cidades de Guarulhos e São José dos Campos.
Presidente da associação há cinco anos, Katsuya Araki tem uma série de projetos encaminhados para 94. O principal deles é viabilizar a construção de um centro de pesquisa tecnológica, munido de laboratório e de um núcleo de comercialização. O local definido para construção do centro, uma área de 20 mil m2 localizada no quilômetro 40 da estrada Santa Isabel, é o mesmo endereço que vai abrigar a 3.ª Expoflord (Exposição de Flores da Região da Dutra), que faz parte da estratégia de divulgação do trabalho da associação e está marcada para acontecer entre 27 de agosto e 11 de setembro.
Diversas variedades de orquídeas, principalmente a chuva de ouro (Oncydium flexiosum) e a Phalaenops, mais a planta conhecida como lírio-da-paz (Cyclamem), são as flores produzidas em maior quantidade pelos membros da Aflord. Em 1993, primeiro ano em que a chuva de ouro foi exportada em escala comercial, a Aflord movimentou US$ 10 milhões entre os negócios com o mercado externo e interno.
As exportações somaram 80 caixas de flores cortadas. Cada caixa comporta 140 hastes; cada haste estava cotada a US$ 0,20. "Se tivesse mais quantidade, teria vendido mais", afirma o produtor Paulo Kiyoto Akama. "Mas a gente não quis se comprometer e depois não ter como cumprir".
Um dos objetivos da associação é exatamente organizar os produtores para reunir quantidade suficiente de flores e garantir fornecimento regular para os países importadores. Atualmente apenas 10 produtores associados estão exportando suas flores, de forma particular, para o Japão. EUA e Argentina já demonstraram interesse de entrar na lista. Outra das metas é possibilitar que todos os produtores tenham acesso ao laboratório de pesquisa. O custo aproximado para montagem de um laboratório é de US$ 60 mil; apenas sete dos 80 associados possuem laboratório próprio.
"Holanda, EUA e Japão são os países que mais nos interessam, por terem muita informação a respeito de flores, elevada exploração e consumo", diz Katsuya Araki. Com o Japão o intercâmbio já está estabelecido: com o apoio do governo japonês, todo ano a Aflord envia de quatro a cinco jovens para estagiar nas plantações japonesas; em contrapartida vêm do Japão técnicos em flores trazendo as mais recentes novidades. Não por acaso, os 80 membros da associação são japoneses.
As metas para o mercado interno são firmar a região de Arujá como importante pólo floricultor e popularizar a chuva de ouro para que ela venda tanto quanto a branquinha, aquela florzinha que é presença certa em todos os arranjos e buquês. "A receita anual da associação é de US$ 10 milhões", diz Araki. "Nossa meta é exportar US$ 10 milhões anuais só de oncydium."

Próximo Texto: Cidade trouxe lírio-da-paz
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.