São Paulo, terça-feira, 4 de janeiro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Maratona prejudica apuração, diz assessoria

GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os técnicos que assessoram a CPI do Orçamento consideram inviável a decisão da comissão de realizar 17 depoimentos em três dias. Eles temem que não haja tempo suficiente para analisar todos os documentos. Como consequência, parlamentares envolvidos em irregularidades podem ser inocentados. "A CPI pode cometer um crime passando um atestado de bons antecendentes aos envolvidos por falta de tempo para a investigação", afirma o assessor parlamentar Flávio Tonelli, que trabalha na Subcomissão de Emendas.
"Os depoimentos serão prejudicados", diz o coordenador técnico da Subcomissão de Patrimônio, Flávio Krecke: "Não dá para analisar os documentos em tempo hábil", afirmou.
O trabalho dos técnicos é imprescindível para a CPI. No caso da Subcomissão de Patrimônio, são eles que formulam as perguntas que serão lidas pelos parlamentares durante o depoimento.
Na Subcomissão de Subvenções Sociais, os funcionários elaboram um relatório com todos os dados dos depoentes. Na Subcomissão de Bancos, são feitos resumos e gráficos para que os congressistas entendam a evolução bancária de quem está depondo.
Maratona
A maratona de depoimentos começa na próxima quarta-feira, dia 5. Até ontem, porém, a Subcomissão de Patrimônio ainda não havia recebido as declarações de renda de nove parlamentares cujas inquirições já estão marcadas. Entre elas está a do deputado federal Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), que depõe às 9h30 do dia 5.
O grande problema apontado pelos técnicos é que o tempo escasso prejudicará o cruzamento de informações entre as quatro subcomissões da CPI. "Vamos ter que fazer opções de investigação", afirma Flávio Tonelli. Foram estes cruzamentos que possibilitaram, por exemplo, encontrar irregularidades envolvendo o nome do senador Ronaldo Aragão (PMDB-RO).
Claudio Souza Castello Branco, auditor do TCU que assessora a Subcomissão de Subvenções Sociais, conta que a entidade J.R. Aragão, cujo nome é o mesmo do senador, não apresentava fraudes em suas prestações de contas. Um dos únicos pontos obscuros era a compra de três ambulâncias em 1992 que nunca haviam sido entregues.
"Só com o cruzamento dos dados da Subcomissão de Patrimônio tivemos a informação de que o senador é, na verdade, acionista da concessionária onde os veículos foram comprados", explica Castello Branco.
Já Francisco Edimar Salminto, analista do Prodasen que assessora a Subcomissão de Bancos, acredita que será possível concluir todo o trabalho antes de cada depoimento. Mas reconhece que será uma tarefa difícil. Só na última quinta-feira, por exemplo, o Banco Central enviou à subcomissão cerca de 40 mil novos documentos, incluindo cópias de cheques, extratos bancários e aplicações financeiras.

Texto Anterior: Ex-ministra falará amanhã
Próximo Texto: Prodasen cedeu 200 auxiliares
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.