São Paulo, terça-feira, 4 de janeiro de 1994
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Prodasen cedeu 200 auxiliares

GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os técnicos da CPI do Orçamento montaram um complexo esquema para encontrar irregularidades de parlamentares. Só o Prodasen (Centro de Processamento de dados do Senado) deslocou 200 servidores para auxiliar nos trabalhos. Há ainda técnicos do Tribunal de Contas da União (TCU), Receita Federal, Banco do Brasil e Secretaria Legislativa do Senado. Também se encontram funcionários do Ministério da Saúde, Banco da Amazônia e Banco do Nordeste do Brasil.
As quatro subcomissões –Bancos, Patrimônio, Emendas e Subvenções Sociais– têm equipes próprias, mas trabalham em conjunto. A principal preocupação é cruzar os dados de cada uma para conseguir uma visão completa da atividade do parlamentar investigado. O cruzamento de informações ocorre após o trabalho individual de cada subcomissão. Patrimônio pede dados a Bancos para verificar se os bens do investigado são compatíveis com suas contas bancárias. Já Emendas e Subvenções Sociais recorrem a Bancos para verficar se no dia da liberação de uma determinada verba pelo governo federal há algum cheque de grande valor depositado na conta do parlamentar. Bancos, por sua vez, vê se todas as aplicações financeiras estão registradas nas declarações de renda.
Cada subcomissão tem uma metodologia própria de trabalho. Em Patrimônio, a primeira etapa é conseguir as declarações de renda dos envolvidos. Eles cruzam a análise com informações de diferentes órgãos públicos e privados.
O Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) fornece dados sobre as propriedades rurais. São pedidas cópias aos cartórios de escrituras de imóveis. A Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) informa sobre ligações dos parlamentares com projetos do órgão. Também são pedidos dados à Associação de Cartões de Créditos. O volume de papéis é enorme. Só no último dia 30, a subcomissão recebeu 9.600 documentos destes órgãos.
Em Bancos, são feitas até quatro conferências da movimentação bancária para se chegar a um valor definitivo. Todos os cheques abaixo de US$ 100 são desprezados. A subcomissão analisa cheque por cheque. Os que possuem valores acima de US$ 2 mil são separados para que os técnicos descubram a origem do dinheiro.
No caso de Subvenções Sociais, o grande auxílio vem do TCU. Foram escolhidas 75 entidades para serem investigadas. O Tribunal deslocou dois auditores para verificar "in loco" cada uma delas. Resultado: em cerca de 90% foram comprovadas má utilização das verbas federais. (GW)

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