São Paulo, terça-feira, 4 de janeiro de 1994
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Itamar autoriza gastos de US$ 800 milhões

SÔNIA MOSSRI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Itamar Franco autorizou a abertura de uma linha de financiamento de US$ 800 milhões para modernização do Exército nos próximos quatro anos. Ainda no primeiro semestre deste ano, o Exército abrirá licitação no mercado nacional e externo para compra de equipamentos, especialmente armamentos, tanques e helicópteros para a aviação da Força.
A operação foi uma decisão política do presidente Itamar Franco em função das queixas constantes do Alto Comando sobre o sucateamento do Exército. Por isso mesmo, até agora não foi definido se o Banco do Brasil ou o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) financiarão a compra de equipamentos da indústria nacional, que enfrenta uma das suas piores crises.
O ministro do Exército, Zenildo Lucena, já determinou que os recursos não serão gastos com equipamentos sofisticados, com uso restrito a poucas unidades. A idéia, segundo o chefe do Centro de Comunicação Social do Exército, general Gilberto Serra, é adquirir equipamentos que possam ser usados em todas as unidades do Exército.
A licitação de equipamentos no mercado internacional é coordenada diretamente pela Comissão Militar em Washington, junto à Embaixada do Brasil na capital norte-americana. Esta comissão é responsável por contatos no exterior com as principais indústrias e agências oficiais de países desenvolvidos, que poderiam financiar a venda para o Brasil.
Desde o governo Collor, o Exército não faz compras tão volumosas quanto a que ocorrerá neste ano. Serra afirmou que as Forças Armadas foram um dos setores "mais prejudicados" com a crise econômica, que resultou na queda das verbas orçamentárias. Segundo ele, qualquer que seja o candidato que suceda o presidente Itamar, ele necessariamente terá de estudar aumento de recursos para os militares.
Na prática, a maior parte das verbas deve ser consumida com peças sobressalentes para material importado, especialmente para tanques e armamentos leves, e helicópteros da aviação do Exército. No mercado nacional, a Imbel, estatal ligada ao Exército, a Engesa e a Avibrás são os principais fornecedores de equipamentos militares às Forças Armadas.
O financiamento de US$ 800 milhões também poderá recuperar o projeto FT 2000 (Forças Terrestres 2000), de modernização do Exército. Criado pelo ex-ministro do Exército Leônidas Pires, a maior parte do programa não saiu do papel por falta de verbas.
Além do Exército, o governo também estuda mecanismos de financiamento para a Aeronáutica e a Marinha. Mais grave ainda que o Exército, a Aeronáutica tem carência de recursos para comprar peças de reposição para aeronaves usadas rotineiramente. O projeto do caça AMX, desenvolvido com o governo italiano, está atrasado.

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