São Paulo, terça-feira, 4 de janeiro de 1994
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Feliz imposto novo

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

É bem pouco, como o ministro sempre diz. Mas foi o bastante para tirar o humor no primeiro dia útil de 1994. Não teve quem não resmungasse, na televisão, contra um início de ano tão amargo. "Protestos no primeiro dia de cobrança do imposto sobre cheques", anunciou o TJ. "O leão chega faminto em 94", comentou o Jornal Nacional. "Feliz imposto novo", ironizou o Jornal Bandeirantes.
Por todo lado, a mesma reação. Como na Cultura, com o governador Antonio Carlos Magalhães bradando, em slogan: "Mais imposto, mais inflação." Mais um aviso: "A minha bancada não vai votar o aumento de impostos." Na Record, quem reclamava era o sindicalista Vicentinho, ao lado do empresário –também contrariado– Moreira Ferreira. Para o petista, o aumento de impostos é "uma medida errada".
Para não falar de Gonzaga Mota, o interlocutor que o ministro tenta dobrar no Congresso. Como Antonio Carlos Magalhães, como Vicentinho, o deputado não falou diretamente do imposto do cheque. Mas não quer nada além dele. Não quer nem saber do aumento do plano FHC –que o ministro, aliás, também diz ser um aumento pequeno. Mota não acha e, no SBT, adiantou a resposta ao ministro: "Somos contra."
Anões
Até o Aqui Agora resolveu reclamar dos impostos. Arranjou um novo comentarista, o ex-deputado petebista Gióia Jr., que estreou atirando contra a "fúria tributária". E acertou logo no alvo: "Será que vai ser extinta a era dos anões?" Melhor dizendo, será que os novos impostos, tão pequenos, tão imperceptíveis, não vão acabar no caixa de campanha de algum grande anão, em 94?
Patos
Tome como exemplo a campanha do ICMS. Na propaganda que ocupou toda a televisão, nas duas últimas semanas, os consumidores que não pedem nota fiscal são mostrados com bicos de pato. Afinal, é um dinheiro que os comerciantes estão tirando do Estado. Em São Paulo, por exemplo, Luiz Fleury –que surgiu ontem no Jornal da Record, defendendo Quércia– não pode fazer muita coisa sem o ICMS.

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