São Paulo, terça-feira, 4 de janeiro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ministro interino manda Telesp mudar contrato

ELVIRA LOBATO
DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro interino das Comunicações, Djalma Morais, determinou ontem que a Telesp modifique os termos dos contratos a serem assinados com as três agências publicitárias (SMP&B, Publicitá e Agnello Pacheco) escolhidas, em concorrência, há uma semana, para fazer a campanha de US$ 11 milhões da estatal neste ano. Ele tomou a decisão duas horas depois de ser informado pela Folha de que o edital admitia correção mensal por qualquer atraso no pagamento.
Pelo edital da Telesp, as empresas vencedoras poderão "solicitar compensação financeira calculada pela TR do primeiro dia do mês imediatamente anterior", caso a estatal não cumpra o prazo de pagamento de 30 dias, contados a partir da apresentação das faturas. O edital não diz que a correção será proporcional ao período de atraso, como determinam as normas para reajuste de contratos da Telebrás. A minuta do contrato proposto no edital contém a mesma falha e igualmente não diz que a indenização será proporcinal.
"Do jeito que o edital foi redigido, dá margem a que as empresas recorram à Justiça e cobrem correção pela inflação integral de 30 dias, mesmo que o atraso no pagamento tenha sido de apenas um dia", afirmou o ministro. A Folha procurou o Ministro às llh40, em função de denúncia anônima recebida no fim-de-semana de que o edital possibilitava pagamento indevido.
O ministro pediu à reportagem que lhe enviasse, por fax, o texto do edital e, em seguida, reuniu-se como presidente da Telebrás, brigadeiro Adyr Silva. As 15h, ele entrou novamente em contato com a Folha para informar que a denúncia procedia e até sugeriu um título para a reportagem: "Denúncia leva governo a modificar concorrência da Telesp".
Segundo o ministro, às 14h30, o presidente da Telebrás mandou fax para o presidente da Telesp, Waldemar Neves, determinando a modificação. "Eles não vão ser loucos de assinar os contratos com esta cláusula. Se não for possível a modificação, porque a concorrência já está concluída, terão que fazer nova licitação", declarou Djalma Morais.
A concorrência foi dividida em três partes: publicidade institucional (US$ 3 milhões), divulgação dos serviços da Telesp (US$ 5 milhões) e campanha publicitária sobre telefones celulares (US$ 3 milhões). As propostas foram entregues no dia 29 de novembro, o resultado foi divulgado há uma semana e os contratos serão assinados neste mês. A campanha terá um ano de duração e as agências poderão ter os contratos renovados por mais um ano.
No final da tarde, a Telesp informou que os termos dos contratos serão modificados para deixar claro que a correção por atraso de pagamento será proporcional. Segundo o gerente financeiro da empresa, Emílio José Sezzi, a Telesp não considera que o edital permite correção integral pela inflação do mês anterior, mas dará nova redação ao contrato para evitar tal interpretação.
Documento da Telesp mostra que se a comissão de licitação tivesse adotado a fórmula da Telebrás, o edital não daria margem a dúvidas. O texto padrão diz: "No caso de a Telesp não cumprir os prazos para pagamento estimpulados nas condições gerais contratuais, a contratada poderá solicitar compensação financeira que será calculada entre o 1.º dia de atraso e o do pagamento, utilizando-se a taxa referencial "pro-rata dia" do mês imediatamente anterior, considerando o período entre a ocorrência do atraso e o do pagamento".
O do edital diz apenas: "No caso de a Telesp não cumprir o prazo de 30 dias para pagamento, a proponente vencedora poderá solicitar compensação financeira calculada pela TR do primeiro dia do mês imediatamente anterior ao vencimento".

Texto Anterior: Flávio Maluf terá que depor novamente
Próximo Texto: CRT abre propostas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.